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Brasil tem 14,2 milhões de desempregados
Economia

Brasil tem 14,2 milhões de desempregados

A taxa de desemprego chegou a 13,7%, é a maior desde o início do levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2012
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A deterioração do mercado de trabalho brasileiro segue em ritmo acelerado. A taxa de desemprego saltou para a marca recorde de 13,7% no trimestre encerrado em março, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


O País já tem 14,2 milhões de pessoas à procura de uma vaga, praticamente o equivalente à população dos Estados de Pernambuco, Sergipe e Piauí juntos.

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Apesar da gravidade, o resultado não surpreendeu analistas do mercado financeiro. A expectativa é que a taxa de desocupação volte a piorar nos próximos meses, antes de começar a mostrar estabilidade. Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otávio Leal, o pico será alcançado apenas em junho, quando chegará a 14,2%. “Muita gente que estava fora do mercado de trabalho por desalento começa a voltar a procurar agora, ao perceber sinais de melhora da economia”, avaliou.


O resultado reforça a percepção de que ainda não há espaço para melhora substancial do consumo, declarou o economista Bernard Gonin, da Rio Gestão de Recursos. Segundo ele, as revisões para melhor em algumas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre estão mais relacionadas à mudança na metodologia do IBGE do que a uma retomada da demanda.


“Não vemos melhora do crédito, da confiança nem do comércio. Ou seja, por ora, não há nada que estimule o consumidor a gastar mais. Se o PIB subir mais que o previsto inicialmente, é por questões metodológicas”, alertou Gonin.


Juros

No primeiro trimestre, o País ganhou mais 1,834 milhão de desempregados, enquanto viu fechar 1,315 milhão de postos de trabalho, sendo 599 mil com carteira assinada. O resultado é mais um ingrediente que deve ser levado em consideração no cenário que pode levar o Banco Central (BC) a nova redução contundente na taxa básica de juros, a Selic, hoje em 11,25% ao ano. A gestora de recursos Aria Capital estima um corte de 1 ponto porcentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o fim de maio.

 

“A recuperação do mercado de trabalho é tardia mesmo. A gente ainda está no estágio de retomada da confiança. A taxa de desemprego está dentro do que se espera para esse ciclo de recuperação da atividade”, defendeu Elisa Machado, economista-chefe da Aria.


Com a população desempregada no pico histórico e o total de vagas com carteira assinada no nível mais baixo já registrado, os dados do mercado de trabalho não refletem ainda qualquer sinal de melhora da atividade econômica, na opinião do coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.


“Os dados não são nada favoráveis, não mostram nenhum sentido de recuperação do mercado de trabalho brasileiro”, declarou o pesquisador. Segundo ele, a deterioração do mercado de trabalho brasileiro reflete o cenário econômico, como acontece em outros lugares do mundo. O problema é que, passada a crise, a recuperação do emprego é lenta.

 

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