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Mercado holandês já mira tancagem e gás
Economia

Mercado holandês já mira tancagem e gás

Logo após a assinatura do memorando de entendimento entre a Ceará Portos e a Port of Rotterdam, houve uma reunião com investidores interessados
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Jocélio Leal

ENVIADO À ROTERDÃ (HOLANDA)

leal@opovo.com.br


A construção de um parque de tancagem e de um terminal de regaseificação são as duas áreas que mais interessam às empresas europeias que foram ontem à assinatura do memorando de entendimentos entre a Ceará Portos e a Port of Rotterdam, a empresa que administra o porto holandês. Logo após a assinatura do memorando, as duas signatárias receberam um grupo de seis empresas. Cada um expôs por 15 minutos os alvos no Complexo Industrial do Pecém (Cipp).

[SAIBAMAIS]

A assinatura e o encontro em seguida aconteceram na sede da Port of Rotterdam. À mesa estavam o governador Camilo Santana, o presidente da Ceará Portos, Danilo Serpa, um grupo de quatro secretários do Estado e os diretores da empresa holandesa. O encontro teve caráter informal, pois a sociedade entre cearenses e holandeses ainda não está definida, embora seja bem provável.


A contar de ontem, ambos os lados iniciam uma série de procedimentos de praxe, como as diligências mútuas e os estudos de Valuation (calcular quanto vale o negócio). O POVO apurou que Deloitte deve atender a empresa holandesa, mas o Ceará ainda definiu. Camilo afirmou que deverá abrir concorrência pública.


“Toda a modelagem, a forma como fazer essa parceria será discutida a partir de agora. Teremos até dezembro (para definir o modelo), que é o nosso deadline”, explicou o governador. Ele disse ainda que o CEO da Port of Rotterdam visitará o Ceará entre setembro e outubro deste ano. Ele nunca foi ao equipamento. O secretário Cesar Ribeiro, do Desenvolvimento Econômico, foi um dos participantes. Ele avalia que a partir de agora todos os grandes projetos - como o parque de tancagem e o terminal de regaseificação – deverão correr por conta da provável sociedade.


Hoje, a Ceará Portos sofre com um contrato desinteressante com a Petrobras, que ocupa um dos berços do Porto para realizar a regaseificação de gás importado. Enquanto empresas do Mucuripe vivem a indefinição quanto a transferência dos tanques do Mucuripe para o Pecém.


Não está definido o tamanho da participação dos holandeses no Cipp. De concreto apenas a afirmação da intenção do governador de manter o Complexo sob controle do Ceará. “O Ceará não quer perder o controle acionário. Eles já estão cientes disso, pela importância que aquela área tem como patrimônio para o Estado”, reafirmou Camilo. Ele disse que “há empolgação muito grande por parte da equipe técnica do porto de Roterdã para a parceria com o Pecém”.


Negociação

A opção por Roterdã como parceiro nasceu da aproximação iniciada em 2015 por meio de uma consultoria prestada. Dali, surgiu o interesse mútuo. O presidente da Cearáportos, Danilo Serpa, aponta que as semelhanças entre ambos os terminais justificou a negociação. O desenho do Pecém é semelhante. São portos-indústria com free zones (com isenções tributárias). No Ceará, uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE).

 

Rômulo Soares, presidente da Câmara Temática de Comércio Exterior e Investimento Internacional do Ceará, avalia que o porto de Roterdã é uma porta importante para as exportações do Estado, por onde, por exemplo, as frutas cearenses entram na Europa. “Isto deve crescer com a parceria”. Para ele, a formalização amplia as possibilidades de negócios do Nordeste com a Europa, principalmente para o Ceará.


O evento de assinatura – transmitido ao vivo pelo Facebook do O POVO Online – teve a apresentação de uma leitura de conjuntura pelo holandês Rabobank e a descrição do capixaba Porto Central, outro braço de Roterdã no Brasil. De todo modo, o Porto ainda não existe.


Só esta semana foi assinado, em Brasília, pelo ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Fernando Filho, e pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Adalberto Tokarski, um o Contrato de Adesão, que dá o aval para as obras serem iniciadas.Tudo correndo bem, as obras começam em 10 meses. A empresa holandesa fez questão de dizer que não há risco de concorrência entre ambos.


Bastidores


Ao dar entrevista ao vivo para o Facebook do O POVO Online, o secretário do Planejamento e Gestão, Maia Júnior, chorou ao conversar sobre a história do Porto e as perspectivas que ele vê agora com a parceria iminente.


O CEO da Port of Rotterdam, Allard Castelein, foi quem co-assinou o memorando com Camilo. Ele fez discurso antes no qual destacou que a disposição é de estabelecer relação de longo prazo. “Não entramos para sair em dois anos”


Allard citou o tamanho de Rotterdam, 14 mil hectares e 250 mil empregos diretos e indiretos. Ele disse que meio ambiente é preocupação da empresa.


Uma das empresas interessadas na tancagem no Pecém é a Vopak, com atuação em Santos. A empresa esteve reunida com o secretário da Infraestrutura Lúcio Gomes. Outra companhia que analisa o Pecém é a VTTI.

 

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