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Gestão holandesa no Pecém deve começar em um ano
Economia

Gestão holandesa no Pecém deve começar em um ano

Governo do Estado vai à Holanda assinar, na próxima quarta-feira, Memorando de Entendimento (MoU) com a Port of Rotterdam Internacional, empresa que administra o porto de Roterdã. A parceria é para realização de estudos
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Com o maior porto da Europa e oitavo do mundo, a holandesa Port of Rotterdam Internacional (PoRin), que administra o Porto de Roterdã (Holanda), deve assumir a gestão do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, em 12 meses. A gestão seria feita em parceria com a Companhia de Integração Portuária do Ceará (Cearáportos), que hoje detém, por meio do Governo do Estado, 99,8%% do Porto do Pecém. A intenção do Executivo ao firmar parceria com a holandesa é atrair investimentos por meio dos parceiros que o PoRin possui. Entre as possibilidade estão hub de contêineres e uma refinaria.


Para iniciar as tratativas com os holandeses, será assinado Memorando de Entendimento (MoU), na próxima quarta-feira, na Holanda, entre Ceará e a Port of Rotterdam Internacional. O documento visa parceria na realização de estudos sobre o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). “Assinando o memorando, já começam os estudos na outra semana. A efetivação da parceria deve se dar em 12 meses”, afirma Danilo Serpa, presidente da Cearáportos.


Questionado por qual motivo a Rotterdam escolheria o Ceará, Danilo diz que Fortaleza tem configurações parecidas com o que os holandeses desejam, como misturar indústria e atividades portuárias no Cipp, incluindo uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), a única atuante no País. “Em setembro de 2015 firmamos convênio com o Porto de Roterdã para uma consultoria. Eles viram o potencial do Cipp e acabaram se interessando”.


Maia Júnior, secretário do Planejamento e Gestão, diz que o conceito no Pecém de ter indústria e Porto interligados é uma visão de logística que interessa a Roterdã, a mesma adotada no porto holandês.


“Trazê-los no futuro é realmente um grande alavancador para o Ceará. Eles são reconhecidos no mundo inteiro e darão força à ampliação do Porto do Pecém, na melhora de infraestrutura, na competitividade, na formação de um hub de contêineres. Terão peso na parte econômica, na geração de empregos. Governo e Rotterdam podem fazer uma parceria que impactará no PIB (Produto Interno Bruto) do Estado”, afirma Maia.


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Heitor Studart, presidente da Câmara Temática de Logística do Ceará e do Conselho de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), diz que o mercado espera uma parceria em que Rotterdam detenha cerca de 25% do Porto do Pecém. “O Governo Federal e do Ceará não têm recursos para investir. Para os investimentos que se fazem necessários para atração de uma refinaria, ou indústrias de terminais de óleo e de polo metalmecânico, a expertise de Rotterdam é que vai ajudar e não o Poder Público”.

 

O presidente da Cearáportos diz que a parceria com a holandesa deve viabilizar ainda a transferência do Parque de Tancagem (armazenamento de combustíveis) do Mucuripe para o Pecém”, diz.


Segundo Studart, o impacto previsto com a chegada da empresa é da ordem de 30 mil empregos diretos e incremento no PIB do Estado parecido com o que a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) traz. A siderúrgica impacta em cerca de 12% na somatória de riquezas e bens do Estado. “Roterdã fomentará a qualificação da mão de obra do Ceará”, acrescenta.

 

Saiba mais


O Porto de Roterdã tem complexo industrial, logístico e de serviços conectado pelo mar ao mundo e por via fluvial e terrestre ao centro da Europa. O complexo industrial e logístico de Roterdã inclui galpões e tanques de armazenamento de produtos, refinarias, indústrias químicas, bioenergéticas e alimentícias, plantas de produção de energia (carvão, gás, biocombustíveis).


Localizado no delta dos rios Reno e Mosa, que atravessam países como Alemanha, França, Áustria, Suíça, Bélgica e Holanda, Roterdã tem um canal de 45 km de extensão que desemboca no Mar do Norte e no Oceano Atlântico.


A área total é de 12,6 mil hectares (incluindo as vias aquáticas), dividida em pelo menos sete áreas. Movimenta cerca de 465 milhões de toneladas por ano, enquanto o Porto do Pecém fechou o ano passado com 11,6 milhões. Roterdã movimenta mais do que o dobro do segundo maior porto europeu, em Antuérpia (Bélgica), e três vezes mais do que o Porto de Hamburgo (Alemanha).

 

A empresa que administra o Porto holandês busca criar uma rede de portos na Europa, Indonésia (situada entre o Sudeste da Ásia e a Oceania), América Latina, Oriente Médio e Caribe, além de deter 50% de participação no novo porto de Sohar, em Oman (Península Arábica), cujo movimento de carga cresceu de 4 milhões de toneladas para 45 milhões de toneladas desde 2007.


No Brasil, o porto holandês tem participação no futuro Porto Central, no Espírito Santo, um complexo industrial portuário nos moldes de Roterdã que atenderá principalmente à demanda dos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Rio e Espírito Santo, onde vivem mais de cem milhões de pessoas/consumidores. Lá, o início das operações está previsto para 2020.

 

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