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Dragão do Mar: qualificar para quem?
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Dragão do Mar: qualificar para quem?

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Mariana Lazari

Editora-adjunta do Núcleo de Cotidiano

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Foi há quase um ano. Festa que acontecia na Praça dos Leões, Centro de Fortaleza, terminou depois de a Guarda Municipal e a Polícia Militar intervirem (covardemente), promovendo o esvaziamento do local. Festa lotada, depois, só no Carnaval. Para muitos, as noites de sábado deixaram de ser “de ir ao Centro”. A praça murchou — e a “vida noturna no Centro” deixou de ser preocupação divulgada pelo poder público. Agora, na semana em que o Amici’s Bar anunciou que deixará a região do Dragão do Mar, a Prefeitura diz que é necessária a ocupação noturna para “requalificação” da região. Deseja-se “qualificar novamente” o espaço público. Mas de que “qualidade” se fala? Qual ocupação é esperada? Que espaço noturno se quer para a Cidade? Mais: quem será o aceito neste espaço? Movimentada a região é — ir à praça Almirante Saldanha (aquela vizinha ao Dragão) numa noite de sábado mostra isso. A desordem urbana, com vendedores ambulantes não credenciados e insegurança, não é novidade, não tem solução simples, mas foi ignorada pelo poder público. O que mudou para que tal necessidade de organização, agora, seja tema de fórum, de preocupação, de investimentos? Enquanto se esperar que “a reocupação pela mão do poder privado”, como disse o prefeito Roberto Cláudio (PDT), seja a principal transformadora daquela realidade, e houver repressão do poder público às ocupações espontâneas, a Cidade continuará com territórios apartados, divididos entre quem pode ou não pagar por uma pizza.

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