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Maternidade. Carinho e limites
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Maternidade. Carinho e limites

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Durante a gestação e no puerpério, a principal estratégia para tentar driblar os opinadores é munir-se de informação, ensina Zenilda Bruno, médica ginecologista chefe da Divisão Médica da Maternidade-Escola Assis Chateubriand. “Conhecer o próprio corpo e saber, de preferência por um profissional de saúde, que mudanças estão por vir e como agir diante delas vai tornar dispensável ouvir de gente leiga o que ela deve fazer.

Assim, ela se empodera da própria gravidez e tem mais consciência e menos medo”, orienta.

[SAIBAMAIS]
Outro ponto é ir impondo limites. As opiniões vêm de familiares — mães e sogras que por instinto e na tentativa de ajudar querem fazer às vezes de mães do rebento alheio. “A coisa melhor para o entendimento do limite é o diálogo, porque coisas bonitas podem sair dali. É pela conversa que a avó vai entender também que a filha ou nora agora é mãe, e que, assim como foi o papel dela um dia, ela tem de tomar as próprias decisões. Por outro lado, essa mulher passa a se assumir, se identificar e a caminhar com mais autonomia, a partir do respeito da mãe e da sogra pelo novo papel que ela agora desempenha”, diz a doula do Mães do Corpo Liana Queiroz.


Mães e sogras, pais, irmãos e amigos podem e devem, em todos os estágios da maternidade, ser a rede de apoio dessa mãe, conta a psicóloga e doula Karin Ballay. “Dúvidas e confusões surgem e são inúmeras ao longo dessa jornada. Por isso, as mães precisam de apoio e nenhuma deve percorrer esse caminho sozinha. A rede de apoio é fundamental para beneficiar e fortalecer a mãe e não atrapalhá-la. Ela deve poder se sentir acolhida, escutada e receber o conforto, o carinho e a ajuda de que tanto precisa”, indica. 

 

Pesquisa


Estudo do Hospital Infantil CS Mott, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, divulgado esta semana, entrevistou 475 mulheres e revela que 61% das mães de crianças pequenas relatam ouvir críticas sobre o modo como criam seus filhos.

Das mulheres que foram criticadas, 42% relatam que o criticismo gerou insegurança sobre suas escolhas.

Disciplina (70%), nutrição (52%), sono (46%), amamentação versus mamadeira (39%), segurança (20%) e cuidados com a criança (16%) são os assuntos principais dos pitacos.


Os próprios pais (em 37% dos casos), o companheiro (em 36% dos casos) e os sogros (em 31% dos casos) são os principais críticos. Amigos (14%), outras mães que encontram em público (12%) e de pessoas nas redes sociais (7%) completam a lista de pitaqueiros.

O estudo também revelou que 62% das entrevistadas consideram que as mães recebem muitos conselhos inúteis e 56% avaliam que as mães levam a culpa quando o filho tem um mau comportamento, mas não recebem crédito quando a criança se comporta bem. 

 

Bate-Pronto

 

O POVO - Como lidar com o mother shaming, quando o pitaco e a intromissão vem de outras mães?


Lua Fonseca- Acho que o mother shaming acontece quando a mãe se fragiliza com os comentários alheios, o que é muito natural de acontecer, uma vez que a maternidade nos coloca num lugar mais frágil mesmo. No entanto, é preciso tranquilizar o coração e estabelecer os limites para que esse pitaco não se transforme em intromissão. Isso acontece quando você se vê sob tanta influência daquela pessoa, que passa a fazer o que ela acredita ser melhor e não o que você, a mãe, acredita. Acho que um bom jeito de combater essa pressão é não deixar de dizer o que você acredita ser o melhor.

OP - Como estabelecer limites para a opinião alheia e como se empoderar da própria maternidade?


Lua
- O limite se estabelece com duas coisas. A primeira é o diálogo e a segunda são as certezas da mãe. Se a mãe sabe o que quer fazer, como quer conduzir uma situação, ela não vai deixar ninguém atropelar suas verdades, mesmo que isso magoe quem está tentando ajudar. Você consegue dizer o que quer e como quer que seja feito, sabe? Esse empoderamento também pode ser alcançado com ajuda de outras mães que não impõem verdades, mas que compartilham suas histórias e fazem com que outras mães reflitam e encontrem um caminho que é delas e de mais ninguém. É preciso estar atento a essa diferença entre quem quer te influenciar e quem pode te inspirar.

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Lua Fonseca, 35 anos, mãe de quatro filhos, autora do blog No Drama Mom (www.nodramamom.com), trabalha com gestantes e mães através da escuta terapêutica e massagem.

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