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A semana. O que foi destaque de 18 a 24 de junho
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A semana. O que foi destaque de 18 a 24 de junho

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Tipo Notícia

Temer está nu

 

Émerson Maranhão
Editor de Conteúdo do Núcleo Audiovisual


No conto de fadas A roupa nova do imperador, do dinamarquês Hans Christian Andersen, um rei tomado pela soberba e com a vaidade alimentada pelo séquito que o cerca, desfila pelas ruas de sua corte acreditando ostentar os mais belos e ricos trajes já costurados, quando na verdade está totalmente despido. Até que uma criança, desobrigada dos compadrios e conluios palacianos, grita no meio da multidão, “O rei está nu!”, e põe fim à farsa. Não seria exagero dizer que a viagem de Temer à Rússia e à Noruega é esta criança. Forjada para transmitir a sensação de normalidade institucional em meio à crise política e para fortalecer a imagem de Temer como estadista (tal qual o desfile do rei vaidoso), a viagem resultou em seu oposto, um vexame sem precedentes. À guisa de souvenir, Temer traz na bagagem total falta de prestígio internacional. Foi ignorado pela imprensa estrangeira, chegou a ser recebido por autoridades de segundo e terceiros escalões e ainda levou um pito público da primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg.Sem falar nas muitas gafes cometidas por Temer e seus asseclas durante o périplo. Como a diva decadente Norma Desmond, do clássico Crepúsculo dos Deuses (1950), Temer opta por forjar um mundo fantasioso em que ainda é prestigiado, em vez de encarar a realidade. Resta saber se também dirá que está pronto para ser filmado em primeiríssimo plano e em seu melhor ângulo quando a Justiça lhe bater à porta e ele tiver que explicar o cada vez maior número de crimes de que é acusado.  

 
TCM x Assembleia: sem mocinhos nem vilões


Carlos Mazza
Repórter do Núcleo de Conjuntura


Após uma série de idas e vindas na Justiça, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) voltará a tramitar nesta semana na Assembleia Legislativa do Ceará. Marcada para esta terça-feira, a leitura do projeto na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Casa não representa apenas o retorno da PEC ao Legislativo, como marca ainda nova etapa na “guerra” entre duas importantes instituições do Estado. Revestida de interesses políticos em ambos os lados, a batalha entre Assembleia e a Corte de Contas não tem mocinhos nem vilões.


De um lado, um Tribunal repleto de ex-deputados e parentes de políticos em plena atividade tenta convencer a população de que é isento e indispensável para a boa fiscalização de prefeitos do Estado. Do outro, deputados que buscam esvaziar influência de adversários juram ter em mente apenas a economia que a extinção do TCM traria aos cofres públicos - estando o corte de regalias e verbas parlamentares, é claro, fora de questão. Perdido no meio da briga de peixes grandes, o cidadão observa de longe o festival de manobras e acusações entre as partes. Nos debates que se seguirão, o mínimo que se pode pedir, naturalmente, é que prevaleça ao menos o respeito e o bom senso.  

 

Em Estado de economia pequena


Nathália Bernardo
Editora-adjunta do Núcleo de Negócios


Depois de nove trimestres no vermelho, a economia cearense voltou a crescer. O Produto Interno Bruto (PIB) subiu 1,87% nos três primeiros meses do ano em comparação com o período anterior, conforme divulgado na última semana pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). É para comemorar, até porque todos os setores cresceram: Agropecuária (10,59%), Indústria (1,81%) e Serviços (1,78%). Seria ainda melhor se os dados da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) entrassem no cálculo, mas, por questão metodológica do IBGE, de onde saem as informações base do Ipece, isso só acontecerá em 2018. Ainda assim, não é hora para euforia. A recessão ainda não acabou. É preciso esperar mais um trimestre para confirmar que o Estado saiu do buraco. O fato é que um passo foi dado na direção da expectativa de crescimento de 1,2% em 2017. Entretanto, é preciso evitar tropeços, além de, claro, rezar para que não os haja no cenário nacional. Estado de economia pequena (cerca de 2% do PIB do País) depende mais do desempenho nacional. E, apesar da lama política em que esta federação se meteu, o vento ainda sopra a favor. Inflação e juros estão em queda. O dólar até sobe, mas sem disparadas. O endividamento cai. O problema é a imprevisibilidade.  

 

Namoro (sem a menor graça) na TV


Mariana Lazari
Editora-adjuntado Núcleo de Cotidiano


O roteiro poderia ser como daquelas festas de família, em que um tio “empurra” a sobrinha para “só um beijinho” no “coleguinha”. E ela, pressionada pelos olhares e pela naturalização do que não é brincadeira, beija. “Olha que casal lindinho!”, o entorno exclama. E a festa segue. Mas, Maisa Silva não só mudou o roteiro como fez o entorno pensar — sendo este um País inteiro. A atriz e apresentadora de 15 anos esteve no palco do Programa Sílvio Santos no último domingo, 18, convidada a jogar com o apresentador Dudu Camargo, 19. Mas Sílvio, alegando experiência em “formar casais” na televisão, esqueceu o jogo e decidiu “empurrar” Maisa para Dudu. Queria promover o “namoro”. Porém, a adolescente disse não.

E repetiu: não quero. Sílvio, na insistência do masculino contra o feminino e da velha fórmula de tentar entreter com o constrangimento alheio, manteve o discurso. Dudu, um adulto, seguiu a onda das investidas fantasiadas de graça contra uma adolescente. No entanto, numa lição para as mulheres, a adolescente permaneceu na negativa. Foi firme.

Respeitou-se. E o espetáculo foi dela — no domingo e no restante da semana. Como no palco, nos dias sequentes, Maisa respondeu com maturidade às críticas dos que acham que a menina deveria ter dito sim.

Assim, lembrou que não precisamos ceder ou aceitar o que nos empurram para que seja divertido aos outros. Acima de tudo, reforçou: as mulheres são livres — aos 15, aos 30, sempre.  

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