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24 horas. Os custos para virar a noite
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24 horas. Os custos para virar a noite

A falta de segurança da Cidade e os custos extras são os principais complicadores do funcionamento 24 horas. Supermercados desistiram de abrir de madrugada
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Enquanto alguns empresários faturam na madrugada, outros preferem baixar as portas no período, desmotivados principalmente pela violência ou pela inviabilidade econômica.


Hoje, nenhum supermercado opera durante 24 horas em Fortaleza. Os poucos existentes desistiram do horário prolongado, já que de meia noite às 5 horas as vendas são “praticamente inexistentes”, avalia o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira. “Tem custos de iluminação, de operadores da loja e tem que ter segurança. São pelo menos mais seis horas de funcionamento sem ter venda porque nosso movimento é pequeno depois da meia noite”, afirma.


Também são poucos os postos de combustíveis e farmácias operando a noite inteira. Presidente dos Conselhos de Administração da Pague Menos e da Abrafarma, Deusmár Queirós, afirma que, das cerca de 100 lojas Pague Menos existentes na Cidade, só aproximadamente 10 abrem na madrugada. Por estarem localizadas em pontos centrais, defende, são suficientes para atender todos os bairros.


“A violência está muito grande, isso dificulta porque é difícil encontrar pessoas dispostas a trabalhar à noite. Mas mesmo assim a gente continua atendendo 24 horas”. Apesar dos custos adicionais, como o pagamento de horas extras a funcionários, a operação não traz prejuízos. Tampouco vendas significativas. É mantida “mais como um serviço que queremos prestar à população”, afirma Deusmár.


Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado (Sindipostos-CE), Manoel Novaes, aponta também a violência, além da inviabilidade econômica como principais inibidores da abertura ininterrupta dos postos. “É necessário pagar adicional noturno dos funcionários e, para evitar problemas, contratar segurança privada”. Tudo isso é somado à baixa demanda. Ou seja, para muitos, operar na
madrugada não compensa.

 

Saiba mais


O adicional noturno,em áreas urbanas, corresponde a qualquer trabalho desenvolvido entre 22 e 5 horas da manhã.

Conforme prevê a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a remuneração do trabalho noturno é superior à do diurno. Inclusive, a duração do valor-hora diurno é de 60 minutos, enquanto que a hora do trabalho noturno é de 52 minutos e 30 segundos.

Segundo o advogado Raul Aguiar, membro da Comissão de Direito do Trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), o adicional consiste no acréscimo de, pelo menos, 20% sobre o valor-hora diurno e deve ser pago em jornadas extras ou normais de trabalho.

Independente se há ou não casos de revezamento semanal ou quinzenal.

Não é possível mensurar quanto custa para um empresário manter funcionários trabalhando na madrugada. O valor varia de categoria pra categoria. As convenções coletivas podem ajustar até um percentual maior que 20%. 

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