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Ponto de vista
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Ponto de vista

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O termo arquitetura sustentável é algo meio complicado de se definir. O que significaria sustentável? O que mede isso? O fato de existir no tempo? Existir sem custo de manutenção, sem necessidade de nenhuma energia vinda do esforço dos frequentadores, além da que foi gasta na construção? Será que décadas ou séculos de erros, acertos e adaptações tornaram a arquitetura vernacular o melhor projeto possível? Ou as questões que são levantadas nas faculdades de arquitetura resultam em um desenho melhor ainda que o acúmulo da tradição conseguiu reunir? Paralelamente, existem questões e desafios interessantes, como a natureza dos materiais. São utilizáveis uma vez e nunca mais? Posso reaproveitar? Ele nasce e cresce de novo? Quanto de material preciso usar?


Um tijolo furado, por exemplo, precisa da queima de combustível, de modo a ganhar dureza. Isso permite que uma quantidade muito menor de material aguente o mesmo peso que uma parede em super adobe (basicamente, barro ou areia ensacados) e uma de tijolo de solo cimento. A primeira gasta mais energia por conta da queima, em geral de madeira. - que cresce de novo, apesar da liberação do carbono e tals, mas cresce de novo. O tijolo furado funciona muito bem e até diria que, junto com outros materiais, viabiliza as nossas cidades, enquanto opções de super adobe ou tijolo de solo cimento são muito atraentes e cabem perfeitamente para comunidades mais isoladas. Raramente você vai ter uma resposta correta. Os arquitetos gostam de falar que cada projeto é um projeto, tem suas especificidades e questões particulares, o tal do genius locci. Acho que é por aí a principal questão o contexto. Ainda não surgiu nenhuma panaceia.


Daniel Lenz, doutorando em urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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