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Especial. O que faz a poesia
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Especial. O que faz a poesia

A partir do Dia Mundial da Poesia %u2013 comemorado na próxima terça-feira %u2013, o Vida&Arte inicia série sobre o tema. Hoje, entra em pauta o desafio do poeta em um mundo cada vez mais prático e rápido
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Poesia pede calma. O poeta tem de ter paciência e destreza para sintetizar o mundo em versos. Já o leitor precisa estar aberto para se demorar em palavras que escondem nas entrelinhas múltiplos sentidos. A partir do Dia Mundial da Poesia — que é comemorado na próxima terça-feira, 21 —, o Vida&Arte inicia série de matérias e discute hoje o ofício do autor em meio a mundo de leituras cada vez mais instantâneas e objetivas. Afinal, qual o papel da poesia em nossos tempos?
[SAIBAMAIS] 

Para Geraldo Augusto Fernandes, professor de Literatura da Universidade Federal do Ceará (UFC), a poesia oferece um escape ao pensamento ditado por leituras objetivas e imediatas. “É o trabalho com a palavra que nos faz viajar. Em um mundo de caos, de crises econômicas e políticas, a panaceia pode ser a poesia”, elabora o pesquisador do gênero literário. Geraldo argumenta que o poeta tem de buscar caminhos para traduzir sensações de ordem macro em versos que, muitas vezes, são mínimos.
 

“Poesia é também a técnica. O poeta pode ter o conteúdo, a inspiração, mas tem de ter também uma fórmula de transformar tudo isso em texto”, detalha. Para ele, mais importante que pensar rima, métrica e harmonia é encontrar a cadência textual. “Com a poesia moderna, não temos mais todas essas técnicas engessadas, mas o ritmo continua sendo o mais importante”, afirma, apontando fazer parte do ofício do poeta pensar sons e movimentos a partir do que escreve.
 

Membro da Academia Cearense de Letras (ACL), o poeta Pedro Henrique Saraiva Leão defende que, no mundo do efêmero, a palavra poética se impõe perene. “A poesia é o ultimo refúgio da literatura. (Ela) independe das modificações sociais e, por isso, pode seduzir todos os povos em todas as épocas”, aponta. Para o escritor, que há pouco lançou o livro Plíndola, a grande questão do poeta é desvendar o próprio ofício. “A própria poesia é um desafio. É difícil traduzir em palavras o que vai dentro do seu íntimo. A poesia é imponderável, é um desafio constante”, conceitua.
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Já para Maria do Socorro Pinheiro, doutora em Literatura Brasileira e professora da Universidade Estadual do Ceará (Uece), o trabalho do poeta atinge dimensão ampla que ultrapassa o campo do deleite literário. “Apesar de ser pouco lida e pouco estudada inclusive na academia, a poesia é fundamental para a formação de um leitor, porque a importância (desse gênero literário) está ligada à dimensão do humano que a poesia evoca”, reflete.
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Ela defende ser a poesia “um exercício espiritual e humano que traz para o leitor um desvelamento do ser”. Segundo a pesquisadora, que durante o mestrado e o doutorado estudou esse gênero textual, essa relevância se dá pela linguagem. “Eu vejo uma preferência por outros gêneros, porque há uma dificuldade maior de interpretação do poema. A poesia pede tempo para ler. Ela habita o universo das metáforas e, também por isso, sempre nos revela um pouco de nós”, coroa. 

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Três lados do mesmo poema
O Vida&Arte inicia hoje série sobre o gênero literário que une palavras, ritmos e imagens para compor versos. Hoje, o tema é o ofício do poeta. Amanhã, a reportagem aborda o mercado editorial para a poesia. Na terça-feira, 21, a discussão recai sobre os temas políticos e sociais que atravessam a linguagem poética. 

 

 

 

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