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A semana. O que foi destaque de 12 a 18 de março
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A semana. O que foi destaque de 12 a 18 de março

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Lava Jato chega aos três anos sob ameaças


Ítalo Coriolano

Editor-adjunto do Núcleo de Conjuntura

 

Em 36 meses de atuação, a Lava Jato fez muito mais do que escancarar as entranhas corruptivas do nosso sistema político. Ajudou a derrubar uma presidente da República, mandou para o espaço boa parte do governo substituto, aterroriza parlamentares de quase todos os partidos e começa a engendrar na sociedade o sentimento de total intolerância aos mal-feitos com o dinheiro público. O País hoje gira em torno da megaoperação, e continuará assim até que as denúncias sejam esclarecidas, os culpados punidos com a severidade exigida e a montanha de dinheiro roubado recuperada. É por tudo isso que não faltam interessados em tampar o esgoto que Sergio Moro e seus auxiliarem arrebentaram. As reações foram aceleradas logo após a entrega da temida lista de Rodrigo Janot ao STF. Se por um lado ela mostra a efetividade das investigações, por outro alimenta um perigoso contra-ataque, capaz de ameaçar todo o trabalho feito até agora. É projeto para anistiar caixa dois, proposta de lista fechada nas próximas eleições, tendo como intuito diminuir os estragos da Lava Jato e suas 38 fases. Para que isso não aconteça, é necessário que a população continue a defender o que Polícia Federal e Ministério Público vêm fazendo. Claro que exageros e omissões podem ter sido praticados, mas nada que coloque em xeque a credibilidade da força-tarefa. Apoios e cobranças são necessários neste momento.O crucial é a constante vigilância. Afinal, como afirmou um dos procuradores na última sexta-feira,”basta uma noite no Congresso para derrubar a operação”.


A pressa é inimiga do bom debate político


Guálter George

Editor-executivo do Núcleo de Conjuntura

 

O presidente Michel Temer (PMDB) piscou. É difícil entender, até hoje, porque fez-se uma opção no Palácio do Planalto por encaminhar uma proposta dura de reforma da Previdência ao Congresso, acompanhada de uma disposição quase nenhuma para o diálogo. Um dia depois das ruas mostrarem, pelo barulho, o tamanho da resistência, Temer, ao piscar, ofereceu os primeiros sinais de disposição para conversa, anunciando que o governo aceitava discutir o texto, desde que se preserve a espinha dorsal. Já alguma coisa, já uma mudança de postura importante. O difícil de entender é a busca da pressa como estratégia, se estabelecendo uma meta inconveniente de aprovar matérias de grande profundidade sem oferecer tempo para um debate que, de fato, esgote possibilidades. Na pauta governista tudo precisa ser no afogadilho, atropelando prazos, o que acaba representando outro fator de dificuldade à participação dos segmentos representativos na perspectiva de finalizar uma proposta a mais completa possível. Há uma guerra de números que o debate político pouco ajuda a esclarecer, o que torna a pressa ainda menos justificável. O novo tom do presidente talvez possibilite um avanço real à reforma na Câmara que se dê não pelo rolo compressor de uma máquina, mas pelo caminho recomendando do esforço de encontrar consensos.


Vamos estatizar a JBS e a BRF?


Plínio Bortolotti

Jornalista

 

É quase um clichê - expectorado por setores à direita no espectro político - a palavra “privatização”, quando ocorre algum problema nas empresas estatais. No decorrer da Operação Lava Jato - quando se descobriu a Petrobras no centro de transações pouco republicanas - sobraram vozes preconizando a privatização da empresa. “Vamos deixar a iniciativa privada tomar conta do negócios; eles fazem melhor do que o Estado e sem corrupção”. Com pequenas variações era esse o trinado entoado pelos neoliberais.


Por desconhecimento histórico, eles acham que a privatização é remédio para curar de bicho-de-pé a tumor na cabeça. O fato é que a corrupção não surge por ser uma empresa estatal ou privada. A persistência dessa prática tem razões históricas, culturais e políticas, fincadas no “homem cordial”, de Sérgio Buarque de Holanda. E, ainda, na falta de controle, transparência e punição para quem atravessar a linha da honestidade.Na Lava Jato, a responsabilidade das empresas privadas ficou obscurecida, atribuindo-se o protagonismo da vilania aos políticos. Agora, no caso dessas duas gigantes privadas do ramo de frigoríficos, não há como ver os políticos atores principais - ainda que tenham participação -, pois as empresas estão no centro indutor do malfeito.


Então, vamos estatizar a JBS e a RBF?


Sonhando com o melhor aeroporto do País


Paula Lima

Editor-adjunta do Núcleo  de Negócios

 

O Aeroporto Internacional Pinto Martins não é considerado uma “joia da coroa”. Ainda. De porte médio, o equipamento atraiu uma gigante que há tempos o governo queria em terras brasileiras, a Fraport. Para quem embarca e desembarca, as expectativas são as melhores. Já se imagina que teremos ali na avenida Carlos Jereissati um gigante aos moldes do aeroporto de Lima, no Peru (melhor da América Latina), ou o sexto melhor do mundo, o de Frankfurt, dois dos 16 aeroportos administrados pela empresa alemã.


Antes de ver os entulhos ao lado da rampa de acesso ao Pinto Martins virar obra de primeiro mundo, acredita-se que os serviços irão melhorar. A Fraport é uma prestadora de serviços e, diferentemente do que faria uma concessionária construtora, já anuncia implantar rapidamente “processos e serviços aprimorados, bem como ofertas atraentes de alimentos e bebidas”.


A alemã, apesar de desembolsar um cheque de aproximadamente 200 milhões de euros no próximo 28 de julho, está acostumada com valores maiores em seu balanço. O Pinto Martins (assim como o de Porto Alegre) soa com o que especialistas estão chamando de “degustação” de Brasil. E espera-se que a Infraero e as burocracias brasileiras permitam que a Fraport vá além das melhorias previstas no contrato e transforme o Aeroporto de Fortaleza no melhor do Brasil. Por que não?

 

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