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Wagner Mendes
wagnermendes@opovo.com.br
Convidado pelo PSB, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), esteve em Fortaleza na última segunda-feira, 23, para jantar com deputados federais cearenses em busca de apoio à reeleição para o comando da Câmara dos Deputados.
Maia recebeu apoio oficial do PSB nacional para a sua candidatura, que deverá ser oficializada nesta semana. Em entrevista exclusiva ao O POVO, o parlamentar falou sobre candidatura, gestão Temer, apoio da esquerda e pautas polêmicas de interesse do governo peemedebista do qual é aliado.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
O POVO - Sua candidatura à reeleição é uma decisão do presidente Michel Temer ou dos partidos da base?
OP - O senhor acha que sua candidatura gera uma insegurança jurídica na medida em que questionamentos tentam barrar essa possibilidade?
OP - O senhor tem negociado com o PT apoio à sua candidatura em troca de cargos na mesa diretora?
Rodrigo Maia - O PT tem direito à vaga na mesa se a proporcionalidade partidária for respeitada, e isso será respeitado. O que nós estamos construindo é que o espaço a que cada um tem direito, eles vão ter. Então, não há da nossa parte nada que nós estejamos fazendo a favor do partido A ou do partido B. Nós estamos respeitando em relação àqueles que têm vaga de titular na mesa. Esse é o intuito da minha pré-campanha para que ela, junto com esses partidos, constitua essas seis vagas de titulares. E, pela regra, o PT tem direito a isso. Então nós não estamos dando ao PT algo a que ele não tenha direito ou algo ao PSD a que ele não tenha direito ou ao PMDB. Nós estamos apenas organizando a mesa.
OP - Como o senhor vê o apoio da esquerda à sua candidatura, tendo em vista as posições ideológicas divergentes?
OP - Seu adversário na disputa, o deputado André Figueiredo (PDT), diz que a Câmara é pautada pelo Executivo. O senhor concorda com essa crítica?
OP - A Câmara hoje é independente?
Rodrigo Maia - Claro que sim, acho que no final do ano nós provamos isso quando, apesar de toda a minha boa relação com o governo, eu entendi que nós tínhamos que votar a renegociação da dívida (dos Estados). O governo, no primeiro momento, não quis, e nós informamos ao Planalto que aquela votação era uma pauta da Câmara e fizemos a votação. Então, nós temos uma relação que é harmônica, mas nos momentos em que há algum conflito, e se a Câmara entende que precisa votar, ela mantém a sua independência.OP - Em caso de reeleição, o senhor vai colocar na pauta da Casa reformas polêmicas como a trabalhista e a previdenciária?
Rodrigo Maia - Independente da posição que eu esteja, tenho a convicção de que são duas pautas muito importantes para os brasileiros. Por mais que às vezes pareça que a previdência e a trabalhista querem tirar algo do trabalhador, o meu ponto de vista é completamente diferente. Acho que a reforma previdenciária vai garantir a solvência da Previdência para que, daqui a alguns anos, não aconteça o que está acontecendo com o Rio de Janeiro. E, no curto prazo, tem benefícios grandes porque quando você sinaliza um reequilíbrio fiscal e previdenciário do Brasil, você vai ter investidores voltando a acreditar no Brasil. E a questão trabalhista é uma contradição. Hoje você tem uma lei que protege tanto o trabalhador e a gente vê que nós estamos perdendo empregos e investimentos para vários países. Não adianta proteger demais porque hoje o mundo é aberto. Se o Brasil inviabiliza a geração de emprego, esse emprego vai ser gerado em outro lugar. Vamos gerar emprego para outros países e vamos importar produtos. Acho que a legislação trabalhista, garantindo claro a proteção do trabalhador, ela passou a ser um monstro que precisa ser desmontado.O debate tem que ser com tranquilidade, até porque as garantias constitucionais não estão sendo tratadas no projeto do governo. Não vamos tratar de décimo terceiro salário e licença-maternidade. Nós vamos tratar aquilo que está na lei (no projeto). Então, se você tiver uma legislação mais flexível, não apenas vai poder gerar mais emprego, deixar o Brasil mais competitivo, como você vai fazer com que o trabalhador tenha um salário melhor. E aí ele vai tomar a decisão dele, se vai poupar o dinheiro ou investir. Hoje esses recursos não vão para o trabalhador e são muito mal utilizados pelo governo. O empregador paga muito, emprega com salário baixo, gera pouco emprego e o principal beneficiário da sociedade, que é o trabalhador, não é beneficiado com essa legislação.