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A Semana. O que foi destaque de 15 a 21 de Janeiro
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A Semana. O que foi destaque de 15 a 21 de Janeiro

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“Que a vida tá pouca e eu quero muito mais...”
 

Émerson Maranhão
Editor de Conteúdo do Núcleo de Audiovisual
 

Ruidosamente, um levante vem tomando as ruas de Fortaleza neste janeiro. O fato, de aparência banal, traz em si significância que lhe transcende definição e lhe amplia identidade, se observado com certo esmero. A cada fim de semana deste mês que inaugura 2017, multiplicaram-se relatos de blocos que antecipam o Carnaval pela cidade. Ou melhor, que adiantam o Pré-Carnaval, este já uma antecipação oficial da festa momina.
 

Não chega a ser novidade que os moram na Capital cearense são afeitos a apressar o relógio e gozar das delícias carnavalescas de modo prévio e prolongado. Não é à toa que já há quase dez anos Fortaleza tem um dos mais expressivos Pré-Carnavais do País, que se estende por quatro fins de semana e que se consolida e ganha novas dimensões a cada edição. Sem falar em experiências congêneres anteriores, como o Quem é de Benfica.
 

O que chama atenção nestes foliões extemporâneos de agora é a urgência de tomar as ruas com sua alegria. É o rebelar-se contra o calendário, que arrogantemente acredita ser capaz de determinar dia e hora para a felicidade geral. Estes subversivos, a quem a institucionalização da folia antecipada não basta, parecem desdenhar dos que se guardam para quando o Carnaval chegar. Em tempos de tanta dor que arrebenta, se apossam dos versos do cearense Fausto Nilo e saem em busca de libertar seus corações, porque a vida está pouca e eles querem muito mais. 

 

Os Estados Unidos que Trump quer resgatar
 

Isabel Filgueiras
Repórter do Núcleo de Conjuntura
 

Entre as décadas de 1970 e 1980, os Estados Unidos viviam a expansão máxima de sua cultura e poder econômico. Era a época do exagero de laquê no cabelo, das séries enlatadas que chegavam a todo lugar, dos fimes de John Huges e do ápice de Steven Spielberg. Mas também foi a fase dos céus cinza de fuligem nas capitais industriais como Detroit, pássaros caindo mortos pela poluição em São Francisco, das primeiras marchas pelos direitos LGBT, dos assassinatos de Harvey Milk e do pacifista John Lenon. Precisamente nessa época, todos os esforços eram para aumentar a influência dos Estados Unidos e terminar de derrotar a União Soviética. Sob o governo do novo presidente Donald Trump, a proposta é trazer um pouco dessa antiga glória do passado de volta. Ele quer reabrir fábricas no Centro-Oeste, investir da extração de petróleo nacional, cortar apoio a energia renovável e abolir o “politicamente correto” da cultura, mesmo que doa nas mulheres, migrantes, latinos e negros. O slogan de campanha “tornar a América grande novamente” remete a essas décadas e é para elas que ele deseja voltar. Sabendo que o patriotismo que prega e necessita para governar é alimentado por um inimigo estrangeiro, Trump elegeu a China como rival. Com excesso de laquê, discurso raivoso e o controle da Casa Branca, ele transforma o país na DeLoren (de Martin McFly) de volta para o passado. 

 

O bom senso e a cautela precisam prevalecer
 

Ítalo Coriolano
Editor-adjunto do Núcleo de Conjuntura
A última quinta foi o dia em que o Brasil voltou a parar diante de TVs, computadores e smartphones, atônito com a trágica morte do ministro Teori Zavascki. Não apenas pela perda de uma das figuras mais respeitadas do meio jurídico, mas pelo conjunto de elementos que transpassam o fato: ele era o relator da Lava Jato no STF, estava prestes a homologar as delações da Odebrecht, foi classificado em diálogo comprometedor entre Sergio Machado (ex-presidente da Transpetro) e Romero Jucá (atual líder do governo no Senado) como um “cara fechado” que não ajudaria a “estancar a sangria” criada pela investigação, sem falar que gente muito poderosa está na mira da Justiça. Solo fértil para as mais variadas hipóteses que, por sua vez, alimentam a tensão no País. É diante deste contexto que a ministra Cármen Lúcia precisa se colocar quando for decidir quem vai herdar o processo da Lava Jato. As opções são duas: seguir o regimento e deixar tudo nas mãos do nome indicado por Michel Temer ou costurar um acordo que possibilite a escolha de um perfil que já compõe o Supremo. O primeiro caminho seria o pior, já que poderia se configurar conflito de interesse. Colocar alguém que orbita ou integra o Palácio do Planalto para essa missão tão delicada é garantia de gerar mais instabilidades, comprometendo tanto o andamento do governo como o futuro da operação que tenta passar a limpo nossas instituições e evitar que a corrupção continue a ser o modus operandi nas relações entre poder público, políticos e setores econômicos. 

 

Chuva: prognóstico e esperança para o CE
 

Sara Oliveira
Repórter do Núcleo de Cotidiano
 

A Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) divulgou o tão esperado prognóstico para a quadra chuvosa de 2017: 40% de chances de chuva na média histórica, 30% para que seja abaixo e 30% acima. Números que prometiam nortear ações governamentais polêmicas, como o racionamento de água em Fortaleza. Houve um certo alívio. Os números foram melhores do que os divulgado em 2016. Embora, em nenhum instante sequer, faça baixar a guarda da contenção, do cuidado, da prevenção. 


Longe dos modelos computacionais de previsão estão milhares de agricultores cearenses. Homens e mulheres que aprenderam a confiar na natureza. Se a chuva não conseguir fazer o milharal vingar como o esperado, vai pelo menos levar milho para o prato de casa. Se o letramento falta, sobra a interpretação de cada sinal dado pelos astros, pelas árvores, pelos animais. “Só não colhe quem não planta”, resume Maria Silvane da Silva, 50, agricultora da zona rural de Pacajus.
 

O Ceará nunca esteve preparado para o que mais o assombra: a falta de água. Há quem diga que melhor seria racionar, forçar uma redução de consumo que parece coisa de outro mundo para muitas pessoas. O futuro, apesar dos números, é incerto. Fenômenos climáticos vêm e vão. Mas a esperança, a confiança que terra e céu precisam um do outro, continuará. 

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