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Fim do Amici's é novo capítulo da crise do entorno do Dragão do Mar
Cotidiano

Fim do Amici's é novo capítulo da crise do entorno do Dragão do Mar

Muitos bares, casas de shows e restaurantes já fecharam no entorno do Dragão do Mar. Frequentadores e empresários apontam criminalidade, má conservação e desordem como empecilhos à ocupação
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O anúncio do fim das atividades do Amici’s Bar e do Buoni Pizzeria, após 17 anos de funcionamento, é o mais novo sintoma dos problemas na região do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Aqueles estabelecimentos que sobrevivem veem casas de shows, bares e restaurantes vizinhos fecharem as portas por aumento da criminalidade, falta de policiamento, desorganização viária, lixo acumulado nas ruas e falta de conservação urbana.

 

Ao acompanhar o encerramento do Amici’s, a produtora cultural Vânia Vieira revive o que passou ao fechar o Acervo Imaginário Bar Cultural, em 2014, do qual era sócia.


À época, segundo ela, o movimento de feirantes na rua José Avelino, somado à presença de ambulantes mo próprio Dragão, inviabilizou o funcionamento. “Quando o Acervo ainda existia, muitos já diziam que não iam por conta da violência”.

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Os mesmos motivos foram apontados por Célio Paiva, proprietário do Amici’s, para explicar o fechamento. “Só quem sabe é quem vai no sábado de madrugada ali pelo Dragão. É ambulante pra todo lado, lixo jogado por todos os cantos...”.


Em julho, Xico Canuto, dono do bar Bicho Papão, foi assassinado na Praia de Iracema. As investigações apontaram que ele foi morto por tentar coibir o tráfico de drogas.


Nesta semana, circularam relatos em redes sociais sobre conflito na noite de sábado, 12, na região do centro cultural. O texto acusa seguranças do Órbita Bar de agredirem grupo de pessoas. A casa de shows negou as acusações. “O entorno do Dragão do Mar se encontra num estado crítico, chegando ao seu limite e culminando no episódio de caos generalizado do sábado, com princípio de arrastão, brigas entre facções e gangues, invasão a estabelecimentos e duas prisões”, informou a administração em nota.


Para o proprietário do Amici’s, o conflito de interesses impede que os problemas sejam resolvidos. “Da grade para dentro do Dragão, é coisa do Estado. Da grade pra fora, é Prefeitura, e ninguém se entende”. Vânia Vieira critica a desatenção para as dificuldades enfrentadas pelos frequentadores. “O mais grave é que o Dragão do Mar, que poderia ter poder de resolver, não faz nada”, critica.


Para o vendedor Joeberson Sousa, 25, são necessárias ações emergenciais para que sigam frequentando o local. “Eu mesmo deixei muito de ir por conta da violência”, diz. Para ele, além do fomento à cultura e ao comércio, a região é “uma das poucas” na Capital que oferecem atrações para diferentes públicos. “Todos convivem ali”.


Dragão do Mar

Com número de visitantes crescente desde 2012, quando recebia 900 mil pessoas, o Centro Dragão do Mar chegou a ter 1,7 milhão de visitantes no ano passado. Para a direção do equipamento, é um reflexo da programação pensada para ocupar a área. 

 

João Wilson Damasceno, diretor de Ação Cultural do Centro, afirma  que vários atores contribuem para a composição daquele espaço. “O Dragão (atua) no (movimento) artístico e cultural, os bares no lazer, a Prefeitura no ordenamento urbano e o Estado na segurança”. Segundo ele, algumas funções não estão sendo cumpridas. “Principalmente no controle urbano”, afirma.


Para conter as ações criminosas na região, a Polícia Militar informou que realizou, neste mês, reuniões para traçar plano de segurança turístico. Segundo o órgão, há determinação para reforço na vigilância nas proximidades do Dragão. O POVO tentou contato com jovens que fizeram denúncia contra o Órbita Bar, mas não teve resposta. A presidente da casa de shows não atendeu às ligações. A Regional I, responsável pela manutenção da área, não respondeu ao email.

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