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Acirramento de conflito de facções obriga famílias a deixarem casas
Cotidiano

Acirramento de conflito de facções obriga famílias a deixarem casas

Após sequência de mortes na comunidade Cidade de Deus, traficantes ameaçam invadir Lagamar e Polícia ocupa o local na tentativa de evitar guerra entre as facções. Famílias são obrigadas a se mudar sob escolta policial. Um grupo que fez vídeos com armamento e pretendia executar pessoas no Lagamar foi preso com submetralhadora
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Após uma série de homicídios de integrantes de facções criminosas e ameaças nas comunidades do Lagamar e da Cidade de Deus, que são vizinhas, a Secretaria da Segurança (SSPDS) intensificou o trabalho ostensivo e de inteligência na área. Por causa do acirramento do clima, famílias foram obrigadas a deixar os locais. O POVO presenciou o medo de uma família que se mudou ontem à tarde. Na calçada, havia brinquedos, roupas e móveis. A escolta foi feita por policiais à paisana.

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Após uma sequência de execuções na Cidade de Deus, criminosos que são liderados pelo traficante conhecido como Bocão resolveram intimidar a organização rival, responsável pelos crimes, com vídeos. Nas imagens, homens com armamento de grosso calibre ameaçam o traficante João Bosco da Rocha, o João Presinha, líder da facção oposta.


Segundo o coordenador da Área Integrada de Segurança (AIS) 10, major Hideraldo Bellini, todos os que morreram mais recentemente na área são da Cidade de Deus. Na madrugada de ontem, o grupo, do traficante Bocão, estava a caminho do Lagamar para executar inimigos, mas se deparou com a Polícia Militar. Quatro suspeitos foram presos. Conforme Bellini, a Polícia apreendeu uma metralhadora, uma pistola e um revólver com o grupo.


O POVO apurou que os presos haviam participado do vídeo, que foi divulgado em redes sociais. Parte do armamento apreendido é, inclusive, exibido nas imagens. Segundo a fonte, a filmagem foi feita na Sapiranga, onde existiria uma base da facção criminosa que se opõe ao traficante. O vídeo seria uma medida do grupo para tentar implantar o terror e intimidar os oponentes.

 

No local

Os grupos do Lagamar teriam ocupado a Cidade de Deus. O POVO esteve no Lagamar ontem e presenciou a mudança de uma família que era escoltada pelo serviço reservado da Polícia Militar. O proprietário de uma sucata, cuja filha é esposa de um detento do grupo criminoso de João Presinha, foi obrigado a se mudar. “Deram 24 horas para eles irem embora. O dono da sucata é suspeito de guardar armas e comprar material de roubo. Existe inquérito dele no 4º DP (Pio XII), de receptação”, disse o major Bellini.

 

O POVO apurou que na segunda-feira, 31 de julho, um mecânico que morava na Cidade de Deus foi retirado da própria casa por grupos do Lagamar e executado na frente da família. No dia anterior, o grupo havia ido à casa da vítima e o ameaçado, dizendo que, se ele não fosse embora em 24 horas, seria morto. No entanto, o mecânico, identificado apenas como Paulista, ficou na residência.


Durante a permanência da equipe do O POVO no Lagamar era possível ver o patrulhamento do Batalhão de Choque, além do Batalhão de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio). O major Bellini diz ter feito um levantamento que mostra que, dos 12 presos na região nos dois últimos meses, todos estão em liberdade. Bellini diz que a maioria dessas prisões acontece por porte ilegal de arma de fogo e as pessoas são liberadas em audiências de custódia.

 

Saiba mais

 

Atentado em Aquiraz.

Em junho deste ano houve uma tentativa de invadir o sítio de João Presinha, em Aquiraz. A operação, na época coordenada pelo delegado Pedro Viana, terminou com quatro mortos e três presos. O grupo era apontado pela Polícia Civil como responsável por articular uma chacina que ia vitimar João Presinha e toda a família dele.

 

Na ação, a Polícia impediu a chacina e apreendeu um fuzil americano calibre 762 e uma escopeta cano duplo calibre 12.

 

Família é executada.

Alvos de ameaças, a mãe, o padrasto e a companheira de um integrante de facção foram forçados a fugir do Lagamar, onde moravam, para Horizonte, na Região Metropolitana de Fortaleza. Eles foram retirados de casa e executados nas proximidades da CE-040, no município. O caso aconteceu no dia 28 de maio.

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