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Ex-protegido da Justiça, homem é executado
Cotidiano

Ex-protegido da Justiça, homem é executado

Paraplégico após sofrer tentativa de homicídio por grupo de extermínio, ele integrou Programa de Proteção a Testemunhas
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Homem foi assassinado na madrugada de ontem no bairro Floresta, em Fortaleza. Alan Marcos Alexandre de Farias, 30, integrou o Programa de Proteção de Testemunhas Ameaçadas (Provita) e foi executado a tiros. De acordo com a Polícia Civil, equipes da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) estiveram no local da ocorrência e realizaram os primeiros levantamentos sobre o caso.


Em 27 de janeiro de 2001, quando tinha 13 anos, Farias foi vítima de grupo de extermínio ao ser flagrado tentando assaltar a drogaria Pague Menos, da avenida Leste Oeste. Policiais são acusados de integrarem o grupo contratado pela rede de farmácia. Eles supostamente capturaram e tentaram assassinar mais de 20 pessoas que ameaçaram a segurança da empresa.


À época, o adolescente foi baleado no tórax. O tiro atingiu o pulmão e se alojou na coluna, deixando-o paraplégico. Por ter sobrevivido, a vítima foi alvo de ameaças do grupo. No período, ele teria sido incluído no Provita e mudado de cidade, conforme publicação do Diário Oficial do Estado, em 6 de dezembro de 2006.


Em relatório de janeiro de 2006, o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Presidência da República, havia classificado o caso de Alan como o “mais emblemático” dos atentados praticados pelo grupo. “Até setembro de 2005, ainda não havia sequer sido submetido a exame de corpo de delito, apesar de ter sido vitimado em 27 de janeiro de 2001, quando, repita-se, ficou paraplégico”, aponta o documento.


Processo


Atualmente, o processo em que Alan consta como vítima está na 3ª Vara do Júri de Fortaleza. Até agosto, as testemunhas devem ser convocadas para serem ouvidas pelo juiz. Procurado ontem pelo O POVO, o promotor de Justiça Marcos William de Oliveira, representante do Ministério Público Estadual (MPCE) no Provita, afirmou não poder se pronunciar ainda sobre o caso por se encontrar em audiência no Interior e não ter conhecimento sobre o assassinato de Alan Marcos.


De acordo com a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus), o nome de Alan Marcos já não constava na lista do programa de proteção. No dia 9 de junho, O POVO publicou que a falta de convênio com o Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza (CDPDH), entidade responsável pela execução do projeto, estava afetando o Provita.


Segundo a Sejus, a situação foi regularizada e o convênio retomado neste mês. O órgão argumenta que, devido ao processo de renovação do convênio, os arquivos não estão em posse da entidade e que é necessária busca mais aprofundada para confirmar que Alan foi protegido pela Justiça.


Questionada sobre um possível envolvimento do grupo de extermínio com o assassinato ocorrido na madrugada de ontem, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) afirmou que a apuração do caso ainda está em curso. Até o fechamento desta página, ninguém foi preso.

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