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Ceará registrou um homicídio a cada uma hora e meia no 1º semestre
Cotidiano

Ceará registrou um homicídio a cada uma hora e meia no 1º semestre

Em seis meses, o Ceará teve aumento de 31,9% de homicídios em relação ao mesmo período do ano passado. Dados de junho mostram recorde de mortes desde 2013. Em Fortaleza, o aumento foi de 217%
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De janeiro a junho deste ano, o Ceará apresentou aumento de 31,9% no número de homicídios em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 2.299 pessoas assassinadas nos seis primeiros meses de 2017, uma média diária de 16 mortes — o que representa um caso a cada uma hora e meia. No ano passado foram contabilizadas 1.743 ocorrências no período. Os números vêm crescendo desde janeiro, após 16 meses de redução nos assassinatos. Neste primeiro semestre, em cinco meses houve aumento.

[SAIBAMAIS]

O mês de junho bateu o recorde de ocorrências desse tipo de crime desde que a contagem começou a ser disponibilizada na forma de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs). Somente nestes 30 dias, foram 474 mortes violentas no Estado, 91% a mais que junho do ano passado. Só em Fortaleza, 197 pessoas foram mortas — crescimento de 217% em relação ao mesmo mês de 2016.


Os dados foram apresentados na tarde de ontem pelo titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, delegado André Costa.

O aumento no número de homicídios no semestre se deu em todas as regiões onde o levantamento foi feito, com maior percentual em Fortaleza (77,4%) e na Região Metropolitana (24,7%). A alta no número de crimes neste início de ano coincide com a mudança de gestão da SSPDS e a crise nacional do sistema penitenciário, iniciada no último janeiro.


Em coletiva concedida na SSPDS, André Costa atribuiu o recorde de homicídios ao cenário nacional, aos conflitos entre facções criminosas e cobrou maior atuação do poder judiciário. Costa afirmou ainda que “não há nenhum problema com a estratégia” de Segurança e disse que pretende mantê-la.


“Esse aumento é maior na Capital, continua grande na Região Metropolitana e reduz no Interior. A gente sabe que esse grupos (criminosos) têm uma presença mais firme na Capital e Região Metropolitana. À medida em que vai se distanciando a influência deles no meio criminoso, o número de homicídios tem um aumento menor”, avalia.


Para ele, o Poder Judiciário precisa ter maior atuação no julgamento e manutenção de criminosos em reclusão. “A gente precisa melhorar a sensação de impunidade que permeia muitos desses criminosos que estão matando ou se matando nas ruas”, disse.


Investigações


Conforme o gestor, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) tem realizado investigações sobre os homicídios na Capital, e pelo menos 65% dos crimes deste tipo ocorridos em maio deste ano foram decorrentes de lutas entre traficantes.


Mesmo diante de números expressivos, o titular avaliou o balanço do semestre de atuação como positivo. “Estamos longe de estarmos satisfeitos. É positivo porque a gente tem realmente a Polícia atuando mais do que nunca. Se a Polícia não estivesse trabalhando do jeito que está hoje, a situação estaria muito pior, certamente”, afirmou.


Na avaliação de Costa, os números foram positivos em relação aos crimes de latrocínio, que, segundo ele, apresentaram redução de 8%.

Ele afirma ainda que, durante o semestre, houve redução do número de Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPS) — roubos, assaltos, roubos de veículos — e redução de furtos no Estado.

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