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Parada chega à maioridade com novas lutas e muita festa
Cotidiano

Parada chega à maioridade com novas lutas e muita festa

Entre discursos criticando o Governo Federal e lembrando morte de Dandara dos Santos, evento reuniu ontem multidão na avenida Beira Mar
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A música Paradinha, novo sucesso da cantora Anitta, foi trilha sonora de uma fala inflamada de Dediane Souza, militante e travesti. A Parada pela Diversidade Sexual do Ceará é assim: luta e festa coexistindo. Tudo junto numa tarde de domingo na avenida Beira Mar. “A gente protesta contra os assassinatos da nossa população. A gente sabe que esses crimes contra LGBTs são frutos do ódio, da intolerância”, bradou, entre batidas do funk, a coordenadora de Diversidade da Secretaria dos Direitos Humanos da Prefeitura.

[SAIBAMAIS]

“Ao longo destes 18 anos, muitas questões avançaram dentro do campo do Legislativo, e a Parada é esse momento de coroação das lutas diárias. É uma culminância, não dá conta de todas as demandas, mas é o marco central de massificação das pautas políticas”, diz Dediane. Com o tema “A Parada é nas ruas - 18 anos construindo resistências e lutas por democracia e contra o LGBTcídio”, o evento foi marcado por críticas ao governo Temer e menções à morte da travesti Dandara dos Santos. “Esse evento é necessário para denunciar que principalmente nós, travestis e mulheres trans, temos emergência por cidadania”, completou, apontando que, apesar dos progressos, as pautas LGBTs precisam avançar nacionalmente.


“Nós já tivemos, até hoje (ontem), dez assassinatos por conta da LGBTfobia aqui no Estado este ano. Segundo os nossos números, é, até agora, o ano mais violento no Estado para as comunidades LGBTs, com casos brutais com o da Dandara e da Hérica (Izidório)”, apontou Francisco Pedrosa, presidente do Grupo d de Resistência Asa Branca (Grab), responsável pela organização do evento. Ele aproveitou para lembrar que foram entregues reivindicações ao Governo do Estado, em março, após ato pela morte de Dandara, e, até agora, o Centro de Referência e Conselho Estadual LGBT não saiu do papel. “A gente não quer só escuta, precisamos de políticas públicas concretas”, disse.


Apesar das pendências, Pedrosa comemorou a beleza da festa. “É um momento de celebrar, com música e alegria, o orgulho de ser LGBT e confirmar que a Parada está no calendário oficial de Fortaleza e do Estado”, comentou.


De mãos dadas com a namorada, o estudante de educação física Kaleb Benigno, 22, destacou a visibilidade que o evento traz para populações silenciadas. “Muitos não sabem o que é um homem trans. Não somos lésbicas masculinizadas, somos homens como todos os outros homens.

Nós existimos, nós amamos e temos direitos”, afirmou, celebrando a presença no evento da Associação Transmasculina do Ceará (Atrans), que defende direitos de pessoas nascidas no gênero feminino, mas que se identificam com o gênero masculino.


Também com 22 anos, a professora de história Tainara Araújo estava ali por um motivo diferente. E não era orgulho. “A gente está aqui tentando pedir desculpa por tudo de ruim que os cristãos já fizeram contra essa população. Viemos tentar um movimento de reconciliação da igreja com a comunidade LGBT”, apontou a jovem, que integra a Frente Evangélica de Participação Política, enquanto realizava ação de entrega de água e abraços para quem passava.


“Fortaleza inspira energia colorida e, unindo com militância, essa Cidade fica muito mais bonita”, celebrou a drag queen Rainha Tchaka, apresentadora oficial da Parada de São Paulo e convidada para a Capital nessa 18ª edição. “Nós celebramos as vitórias, poucas, mas significativas.

Amanhã a militância continua e segue nos outros 364 dias do ano”, garantiu.


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Veja galeria de fotos da Parada pela Diversidade http://bit.ly/2tbdNL1

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