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No Ceará, 118 mil crianças e adolescentes estão fora da escola
Cotidiano

No Ceará, 118 mil crianças e adolescentes estão fora da escola

Considerando somente adolescentes entre 15 e 17 anos, são 86 mil fora de sala no Estado. O número representa 17,6% da faixa etária. Pesquisa aponta que o Nordeste tem o pior indicativo neste grupo
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Mais de 118 mil crianças e adolescentes cearenses entre 4 e 17 anos estão fora da escola. O dado vem de suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

 

No Brasil são 2,8 milhões de crianças e adolescentes “excluídos” da sala. O Unicef chamou atenção ao dado, em lançamento de ferramenta digital para combate à evasão e comitê especializado na busca ativa. O evento ocorreu em Brasília, na manhã de ontem.


Conforme a Pnad, população entre 15 e 17 anos é a mais excluída no Brasil, com 1,59 milhão (15%) fora da escola. No Ceará, são 86 mil excluídos nesta faixa etária (17,6%). São ainda 14,4 mil crianças na faixa etária de 4 e 5 anos e 18 mil entre 6 e 14 nesta condição.


Conceição Ávila, coordenadora de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem da Secretaria da Educação do Estado (Seduc), alerta que a população excluída de 15 a 17 anos está, em maior parte, “fora de faixa” e sequer concluiu o ensino fundamental. “É um desafio trazê-los de volta porque, diferentemente das crianças, eles podem não ter a tutela de responsáveis e estar em condição vulnerável. É necessária oferta diferenciada a eles”, aponta.


Entre as causas para a evasão escolar no Ceará, conforme a Seduc, estão o trabalho, desinteresse e, no caso das meninas, gravidez. “São fatores intra e extraescolares. Quanto mais vulnerável, mais dificuldades este jovem tem de valorizar, entender e dar perspectiva aos estudos”, pontuou Conceição.


Para auxiliar os municípios no enfrentamento da exclusão escolar, o Unicef desenvolveu a plataforma Busca Ativa Escolar, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e o Instituto TIM. A plataforma é aberta e gratuita.


O material ajuda a identificar crianças e adolescentes fora da escola. Ao encontrá-los, o agente comunitário envia alerta e ações são iniciadas, desde conversa com a família, para entender as causas da exclusão, até o encaminhamento do caso para órgãos responsáveis, garantindo a (re)matrícula, bem como acompanhamento da vida educacional.


Oito municípios de estados diferentes participaram do piloto da iniciativa, ano passado. Tabuleiro do Norte foi um deles. “A ação precisa de mobilização junto aos municípios, responsáveis (majoritariamente) pelas matrículas no ensino fundamental. Tentaremos, no segundo semestre, engajar jovens de todo o Estado nas buscas dos colegas que estão fora da sala de aula”, diz Conceição.

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