Para Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil, o diagnóstico para o Ceará é, ao mesmo tempo, inovador e preocupante. Ele lembra que poucos estados voltaram o olhar para traçar o perfil dos adolescentes vítimas de homicídios. No entanto, as pesquisas revelam uma realidade em que 70% das vítimas estavam fora da escola há pelo menos seis meses antes da morte. Ele aponta que a busca ativa dos jovens que abandonam a educação é uma das ações a serem implantadas para diminuir os fatores de risco.
Outro grupo vulnerável, conforme Stahl, é o de jovens que cumpriram medidas socioeducativas em regime fechado. Acompanhar estes adolescentes seria outro fator de proteção. Os desafios são complexos e exigem grande articulação do poder público com a sociedade, destacou a vice-governadora Izolda Cela. Ela aponta que, dentro do Pacto pelo Ceará Pacífico, o comitê intersetorial de governança iniciou projetos de busca ativa de jovens que abandonaram o ensino fundamental. A reestruturação do sistema socioeducativo é outra ação sendo desenvolvida.
No Ceará, as pesquisas confirmam um perfil de jovens que costumam ser vítimas de homicídios no País: sexo masculino, negro, morador de periferia e com idade entre 16 e 18 anos. Em Fortaleza, a maioria dos casos alcançou 52 comunidades periféricas. O que equivale a 4% do território. “Dá para trabalhar, é possível prevenir agindo com os jovens destes locais”, alertou Rui Aguiar, coordenador do Unicef no Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. (Thaís Brito)