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Presídio que abriga PCC registra uma fuga a cada três dias
Cotidiano

Presídio que abriga PCC registra uma fuga a cada três dias

Unidade prisional que concentra presos da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC) tem rota de fuga própria. Neste ano, foram registradas duas trocas de tiros de criminosos com policiais da guarita
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Em quatro meses, 59 detentos fugiram da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor José Jucá Neto (CPPL 3), em Itaitinga. O número corresponde a média de mais de uma fuga a cada três dias. Os presos costumam se utilizar de túneis ou contam com apoio externo, e seguem sempre a mesma rota de fuga. A contagem já inclui três presos que conseguiram fugir ontem, conforme a Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).

[SAIBAMAIS] 

Houve troca de tiros entre os militares que fazem a segurança da guarita e os criminosos que deram apoio no resgate. O POVO apurou com uma fonte da Sejus que a ação aconteceu por volta das 7h50min, pelo lado das vivências D, E e F.


Em geral, os criminosos que realizam o resgate de presos utilizam uma estrada de terra que dá acesso ao Centro de Itaitinga. Eles deixam o veículo na estrada e vão a pé pelo matagal. A estratégia impede que os PMs que ficam na guarita consigam ver que tipo de veículo foi utilizado. A 50 metros da unidade, o grupo passa a atirar contra os policiais. Nesse intervalo, acontece a fuga.


Conforme a fonte, existem somente dois policiais militares para monitoramento de oito guaritas. Quando o policial está ocupado com o tiroteio, os presos quebram o concreto e saem da cela pela entrada de ar (cobogó). Não há muralha, apenas grades, no entorno do Complexo Penitenciário de Itaitinga. O grupo foge pelo Centro da cidade de Itaitinga.


Segundo o presidente do sindicato dos agentes penitenciários, Valdemiro Barbosa, atualmente, a CPPL 3, considerada a unidade que concentra os detentos da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC), tem capacidade para 900 presos e abriga 1.900, mais de 100% de excedente, para um contingente de oito a dez agentes penitenciários.


A Sejus anunciou a criação de mil vagas de agentes, mas o sindicato destaca que deveriam ser pelo menos três mil novas vagas. Na manhã de ontem, a titular da pasta, Socorro França, a juíza corregedora dos presídios, Luciana Teixeira, e o presidente do Conselho Penitenciário (Copen), Cláudio Justa, estiveram na unidade. Segundo Justa, na reunião, os agentes se mostraram indefesos, pois não existe um aporte adequado do policiamento externo. Quando a Sejus solicita, a Polícia Militar envia o Batalhão de Choque, mas esse reforço só ocorre após os eventos, aponta Cláudio Justa.


Para ele, permitir que os presos permaneçam soltos nas vivências, há muito tempo, faz com que os detentos conheçam toda a estrutura da CPPL e estudem a vulnerabilidade de cada ponto, o que favorece a articulação de fugas.


O presidente do Copen relembrou as últimas ações, incluindo a que a quadrilha do Antônio Carlos de Sousa, o Carioca, foi presa na semana passada quando articulava um resgate na unidade. Ele citou ainda a fuga dos 44 presos no dia 29 de abril e a troca de tiros durante tentativa de resgate, que terminou com um detento morto e um militar baleado, no dia 19 de janeiro. Três suspeitos foram presos. 

 

Numeros

 

50 metros é a distância da qual criminosos atiram contra guaritas da CPPL 3

 

4 ocorrências que resultaram em fugas foram registradas este ano

 

Saiba mais


19/1. Durante tentativa de resgate, um PM saiu ferido e um detento foi morto

 

12/3. 11 internos fugiram na madrugada por um túnel

 

15/3. Dois túneis são encontrados na unidade


23/4. Um túnel é encontrado em uma das vivências

 

30/4. 44 presos fogem e 13 deles são recapturados


9/5. Grupo que planejava resgate na CPPL é preso; entre eles sequestrador de dom Aloísio Lorscheider


13/5. Um preso quebrou a parede e fugiu


18/5. Fuga de três presos durante resgate

 

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