Após o terceiro e mais violento dia de confronto entre as forças de segurança e os feirantes da rua José Avelino, o prefeito Roberto Cláudio (PDT) subiu o tom contra os protestos. Ele classificou as ações dos manifestantes como “gravemente criminosas” e disse que vai apresentar queixa-crime na Justiça contra as manifestações. As declarações foram divulgadas em vídeo publicado na tarde de ontem na página oficial do prefeito no Facebook. A queixa-crime é uma ação penal que denuncia fato criminoso e cobra punição aos culpados.
[SAIBAMAIS]“Apenas fizemos os desvios de trânsito, quando fomos surpreendidos por ações gravemente criminosas. Uso de balaclavas, desvios com pneus queimados, coquetel molotov, rojões soltados contra pessoas inocentes e agentes da segurança pública e do Estado e da Prefeitura”, detalhou o prefeito.
No vídeo, RC afirma que o diálogo sobre a retirada da feira na José Avelino já vem sendo feito “há muito tempo”. “Eu me comprometi a tomar a decisão que estou tomando essa semana não sem antes a gente exaurir outros canais de debate”, afirmou, citando que houve reunião com representantes dos vendedores em fevereiro.
Apesar dos encontros, os vendedores afirmam que ainda falta diálogo. Os feirantes montaram acampamento na rua para impedir que permaneçam as obras de revitalização da rua José Avelino, iniciadas na última segunda-feira, 15. Eles cobram reunião com o prefeito para discutir a remoção dos vendedores. Os feirantes exigem, ainda, a participação de vereadores da oposição durante o encontro.
Segundo Silvia Braz, presidente da Associação de Feirantes e Ambulantes do Ceará, as soluções para o alocamento dos feirantes não contemplam todos. “No Centro Fashion não tem nem 100 pessoas daqui”, estima.
Por conta do protesto, ainda não há certeza sobre o funcionamento da feira na madrugada de hoje para amanhã. Feirantes relatam preocupação com as mercadorias, que poderiam ser apreendidas. No entanto, destacam que permaneceriam nas proximidades da José Avelino, com o objetivo de resistir à intervenção municipal.
A Prefeitura de Fortaleza havia anunciado que recorreria da decisão liminar do desembargador Durval Aires Filho que determinou, no último sábado, 13, a suspensão da retirada da feira. Até o fechamento desta edição, a decisão ainda estava em vigor.
A assessoria de comunicação da Prefeitura não soube informar se o recurso já havia sido encaminhado à Justiça. Também não foi divulgado se a queixa contra os manifestantes já foi apresentada.