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Peça no Curió discute marginalização dos jovens na periferia
Cotidiano

Peça no Curió discute marginalização dos jovens na periferia

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Arte e realidade se confundiram no Curió na noite deste sábado, 27. O local que foi cenário da maior chacina da história de Fortaleza, em novembro de 2015, recebeu o espetáculo “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”. A peça conta a história de jovem negro nascido em periferia e inserido em ambiente de opressão e violência. Aos 18 anos, ele se torna policial militar e passa a trabalhar em áreas estigmatizadas pela violência.

 

“Tratamos da juventude negra e de como a polícia se comporta com ela, sendo a polícia composta pela própria periferia. Tratamos sobre a discriminação, a violência e a militarização da instituição”, explicou Henrique Gonzaga, 30, ator e produtor do grupo Nóis de Teatro, responsável pela exibição.


O espetáculo, que tem direção de Murilo Ramos e dramaturgia de Altemar Di Monteiro, usa elementos representativos do movimento negro no Brasil, em referência à mitologia dos orixás. Desde novembro de 2014, a peça já circulou por cerca de dez bairros da Capital. Contudo, a escolha do Curió era “urgente e necessária”.


“Citamos a chacina no espetáculo. A série de crimes nos atravessou de várias maneiras porque estávamos discutindo em cena quando aconteceu, em 2015”, relembrou Gonzaga. Após a exibição na quadra do Curió, muitos moradores comentaram a relação da peça com os assassinatos acontecidos no bairro.


“Quem mora na periferia tem desconfiança da polícia militar. Muitas vezes, as pessoas desses bairros são vítimas (da instituição) ao invés de receberem assistência”, lamentou o professor de Geografia Paulo Sevílio.

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