“Tratamos da juventude negra e de como a polícia se comporta com ela, sendo a polícia composta pela própria periferia. Tratamos sobre a discriminação, a violência e a militarização da instituição”, explicou Henrique Gonzaga, 30, ator e produtor do grupo Nóis de Teatro, responsável pela exibição.
O espetáculo, que tem direção de Murilo Ramos e dramaturgia de Altemar Di Monteiro, usa elementos representativos do movimento negro no Brasil, em referência à mitologia dos orixás. Desde novembro de 2014, a peça já circulou por cerca de dez bairros da Capital. Contudo, a escolha do Curió era “urgente e necessária”.
“Citamos a chacina no espetáculo. A série de crimes nos atravessou de várias maneiras porque estávamos discutindo em cena quando aconteceu, em 2015”, relembrou Gonzaga. Após a exibição na quadra do Curió, muitos moradores comentaram a relação da peça com os assassinatos acontecidos no bairro.
“Quem mora na periferia tem desconfiança da polícia militar. Muitas vezes, as pessoas desses bairros são vítimas (da instituição) ao invés de receberem assistência”, lamentou o professor de Geografia Paulo Sevílio.