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Mulher resgatada ainda não teve atendimento psiquiátrico
Cotidiano

Mulher resgatada ainda não teve atendimento psiquiátrico

Dois meses e meio após resgate, Maria Lúcia teve melhorias no comportamento e na fala. Cuidadores esperam conseguir benefício e aguardam consulta psiquiátrica
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De um lado, a formação de frases mais articuladas indica a melhor percepção do que acontece na vizinhança. De outro, hábitos como jogar comida no chão persistem. Isolada desde os 20 anos em um quarto da casa pela própria família, em Uruburetama, Maria Lúcia de Almeida Braga foi resgatada aos 36 anos, no dia 9 de março. Dois meses e meio depois, ainda não foi consultada por um psiquiatra e permanece em atendimento psicológico no próprio Município.

 

Em Uruburetama, Maria Lúcia é atendida no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). A abordagem é feita por psicólogo e assistente social mensalmente. A equipe também fornece uma cesta básica, relata Irene Braga, coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). O Município ainda busca marcar consulta com psiquiatra para Lúcia. Como publicado pelo O POVO em março, esta ajuda seria buscada em Itapipoca, cidade vizinha.

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De acordo com Irene, o atendimento precisará ser particular, custeado pela Prefeitura, incluindo o transporte. Ela relata que o Município ainda não conseguiu marcar esta consulta e que as tentativas de agendamento estão sendo feitas para junho, quando o psiquiatra escolhido pela equipe deve retornar das férias. Dentre os diferenciais da abordagem psiquiátrica, está o tratamento de patologias mentais com prescrição de medicamentos.


Conforme relatos à época do resgate, Maria Lúcia apresentou transtornos mentais após o término de um relacionamento amoroso. Depois disso, engravidou e foi mantida pela família em dos quartos da casa — sem banheiro, mal iluminado e com forte odor de fezes e urina. Resgatada pela Polícia após 16 anos, Lúcia passou a ser cuidada pela comunidade da Serra do Retiro, perto de onde morava. Nos primeiros dias, ela conseguiu se comunicar pela escrita e pouco falava.


Nos primeiros meses de cárcere privado, Lúcia teve o único filho. A criança havia sido entregue a terceiros. Hoje com 16 anos, o rapaz também mora na Serra do Retiro. Ele já foi comunicado do caso e fez visitas a Lúcia. “Ele foi na Semana Santa deixar um pão pra ela. Fez questão de ir no Dia das Mães fazer uma foto perto dela. Ela sempre ali, deitada na rede. Parece que ela não entende que é filho dela, fica como se fosse mais um dos que visitam”, conta Teresa Maria, 42, uma das vizinhas.


Lúcia permanece sob os cuidados da dona de casa Maria de Fátima Araújo, 56, recebendo ajudas e visitas da comunidade. Teresa já iniciou trâmite para tentar conseguir o Benefício de Prestação Continuada (BPC), na Previdência Social. “Se vier o auxílio e não sair esse atendimento em Itapipoca, a gente pega uns R$ 300 e leva pra Fortaleza. Só psicólogo não vai adiantar”, lamenta.

 

 



 

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