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Moradores instalam câmeras para vigiar pontos de lixo
Cotidiano

Moradores instalam câmeras para vigiar pontos de lixo

Nos bairros José Bonifácio e Joaquim Távora, vizinhos não aceitaram mais conviver com a sujeira e buscaram soluções. Eles conseguiram um resultado que não se materializou por iniciativa da Prefeitura
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Uma câmera de frente com a calçada. Foi o que fez a diferença no combate ao monturo formado na rua Carlos Gomes, já na esquina com a rua Barão de Aratanha. Na recordação do morador Neilson Chagas, que nasceu naquela rua e por lá esteve nos 49 anos de vida, o problema existiu “desde sempre”. Partiu dele a ideia de vigiar, abordar vizinhos e carroceiros e até mesmo rondar o local com a motocicleta.

 

Os entulhos, podas de árvores e até estofados velhos atrapalhavam não apenas a passagem de pedestres. Dificultavam também a passagem de veículos. Como as reclamações à Prefeitura não surtiam efeito ou respostas eficazes e as tentativas de conversar com outros moradores não acabaram com o problema, ele tentou algo novo. Em novembro do ano passado, conseguiu a câmera e instalou abaixo da janela de casa no segundo andar, captando imagens de quem despejava lixo na calçada.


“Foi quando tive uma filha que a situação ficou insuportável. Eu não podia mais ver aquela sujeira podendo trazer tanta doença. Foi a necessidade”, revela o funcionário público. À medida que identificava as pessoas, Neilson ia chegando para conversar. “Avisei que a Prefeitura estava vendo, que eles iam levar multa”, conta. Em conversa com o dono do terreno, veio o acordo de revitalizar o espaço. Até hoje, a calçada permanece limpa, ocupada apenas por cinco palmeiras plantadas. A iniciativa recebeu o apoio dos vizinhos, que ajudaram a abordar quem chegava tentando jogar lixo no local.

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Também no Joaquim Távora, a vigilância da comunidade tem funcionado. “Se vem chegando carroceiro, o pessoal começa a gritar, avisa que tem câmera filmando tudo”, conta o metalúrgico Marcelo Rebouças, 44. Foi em setembro de 2015 que os moradores da rua Henrique Rabelo se mobilizaram. Depois de solicitar a limpeza da calçada do prédio abandonado na rua Coronel Alves Teixeira, eles pintaram o muro e assumiram o papel de guardiões do antigo ponto de lixo.


“Não adianta a Prefeitura vir só tirar, a gente tem que ajudar”, conta a dona de casa Neuma Gomes, 53. Apesar de tentar resolver os problemas na conversa, ela lembra que há brigas com carroceiros que teimam em se livrar do lixo por ali. “O bom é que aqui todo mundo se junta, a gente não quer voltar a ver aquela sujeira”, explica. Um dos vizinhos, o pedreiro Manoel Bastos, 48, traz uma visão otimista sobre os hábitos do fortalezense. “O povo está se conscientizando. Até porque vai todo mundo vendo que isso dá em zika, dengue, chikungunya. Quem quer ser prejudicado?”, reflete.


A mobilização da comunidade é a chave para eliminar pontos de lixo, explica Edilene Oliveira, coordenadora de Políticas Ambientais da Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma). Desde o início deste ano, o projeto Reciclando Atitudes adotou como estratégia envolver a comunidade e auxiliar na requalificação de espaços tomados pelo lixo.


Somando locais já recuperados e em processo de revitalização, a pasta já contabiliza 30 ações. O fluxo inclui conversas com proprietários de terrenos vinculados aos pontos de lixo e educação ambiental nas comunidades. O entorno da Lagoa do Mondubim e a rua Bolívia (bairro Bela Vista) são exemplos de espaços já beneficiados pela ação.

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