Depois de muito tempo sem ter notícias do irmão, Francisco Gilberto Belchior recebeu, há quatro anos, ligação da mulher de Belchior, Edna Araújo, perguntando como estavam os preparativos para os 90 anos, que seriam comemorados em dezembro. “Minha mãe tinha morrido já havia três meses. E ela perguntou porque a gente não tinha avisado. E eu: ‘Como, se a gente não tem o contato de vocês?’”, contou ele, durante o velório do irmão, na tarde de ontem, no Centro Dragão de Arte de Cultura.
 

A descrição serviu para demonstrar o quase total isolamento que Belchior mantinha da família há, pelo menos, uma década.
 

Quando a Edna ligou, no domingo pela manhã, para avisar da morte, Gilberto acreditava ser para avisar do lançamento das novas músicas, inéditas. Tanto duvidou que a cunhada precisou enviar cópia do laudo do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), atestando a morte, por uma ruptura na artéria aorta.
 

“Ele tinha feito show um dia antes, para um grupo pequeno no Rio Grande do Sul, onde morava”. No show, apresentou músicas inéditas que vinha compondo nesses anos de isolamento. (Angélica Feitosa)