Logo O POVO+
Casos de violência mudam rotina em áreas de areninhas
Cotidiano

Casos de violência mudam rotina em áreas de areninhas

Dois homicídios aconteceram em menos de um mês em dois dos equipamentos esportivos e de lazer da Capital. Moradores reclamam da falta de segurança e temem voltar aos locais das mortes
Edição Impressa
Tipo Notícia
NULL (Foto: )
Foto: NULL
Moradores de áreas próximas a duas areninhas de Fortaleza mudaram a rotina temendo novos episódios de violência nos equipamentos. Em menos de um mês, campos no Pici e na Praia do Futuro foram cenários de tiroteios e homicídios. A implantação das quadras foi uma das principais políticas do prefeito Roberto Cláudio (PDT) nos primeiros quatros anos de mandato.

 

Para a comerciante Joélia Gomes, 33, a Areninha do Pici foi uma oportunidade de empreender. Ela conta que decidiu vender salgados a crianças e jovens que iam até a quadra. Contudo, o negócio acabou no dia 14 de março, por volta das 20 horas, quando seis homens em três motocicletas invadiram o gramado e dispararam contra os jogadores. José Carlos Gadelha da Silva, 20, morreu no tiroteio. Três pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de três anos.


“Eu estava na hora e fiquei muito assustada. Todo mundo ficou. Não tive nem coragem de vender mais. A moça que vendia chicletes do outro lado desistiu porque ficou com medo”, relata. Joélia ressalta que a implantação da areninha provocou mudanças positivas na região, mas lamentou a falta de segurança.


Praia do Futuro

O segundo crime recente foi na Areninha Praia do Futuro I, no Serviluz. No último dia 18, enquanto grupo se preparava para jogar, quatro homens armados chegaram ao local e efetuaram disparos. Leonardo dos Santos Silva, 24, morreu na quadra. Os criminosos fugiram.

 

André Luiz, 29, mora próximo a outro campo, a Areninha Praia do Futuro II, no Caça e Pesca, e conta que lá os jogos também foram suspensos. “Ninguém vem mais porque está perigoso. Aqui nem teve nada, mas estamos com medo. Paramos de jogar para ver se ameniza a violência”, diz. Segundo ele, vendedores de comida e moradores da região também deixaram de ir até os locais.


Ao todo, há 21 areninhas na Capital. A iniciativa prioriza bairros com maiores índices de vulnerabilidade social e baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No Pirambu, o aposentado Francisco da Costa, 82, é frequentador assíduo da área desde a época que era um “campo de terra”, ele disse que o local ficou mais povoado após a requalificação. “Deu muito mais visão para a área, principalmente à noite, quando usam também para caminhada, para os jogos”, afirmou. Apesar de nunca ter presenciado crimes no espaço, ele reclama da falta de agentes da segurança pública.


A Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (Secel) ressaltou que as areninhas são ferramenta de formação humana e inclusão social, além da prática esportiva. Em nota, informou que todos os equipamentos têm conselho gestor comunitário com poder de propor, decidir, consultar e fiscalizar o uso e a conservação do espaço. Sobre a segurança nos locais, a Secel apontou que a responsabilidade é da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).


Em nota, a SSPDS informou que a Polícia Civil segue investigando os dois homicídios e reforça que há policiamento ostensivo preventivo nesses locais diuturnamente.

O que você achou desse conteúdo?