Para a comerciante Joélia Gomes, 33, a Areninha do Pici foi uma oportunidade de empreender. Ela conta que decidiu vender salgados a crianças e jovens que iam até a quadra. Contudo, o negócio acabou no dia 14 de março, por volta das 20 horas, quando seis homens em três motocicletas invadiram o gramado e dispararam contra os jogadores. José Carlos Gadelha da Silva, 20, morreu no tiroteio. Três pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de três anos.
“Eu estava na hora e fiquei muito assustada. Todo mundo ficou. Não tive nem coragem de vender mais. A moça que vendia chicletes do outro lado desistiu porque ficou com medo”, relata. Joélia ressalta que a implantação da areninha provocou mudanças positivas na região, mas lamentou a falta de segurança.
Praia do Futuro
André Luiz, 29, mora próximo a outro campo, a Areninha Praia do Futuro II, no Caça e Pesca, e conta que lá os jogos também foram suspensos. “Ninguém vem mais porque está perigoso. Aqui nem teve nada, mas estamos com medo. Paramos de jogar para ver se ameniza a violência”, diz. Segundo ele, vendedores de comida e moradores da região também deixaram de ir até os locais.
Ao todo, há 21 areninhas na Capital. A iniciativa prioriza bairros com maiores índices de vulnerabilidade social e baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No Pirambu, o aposentado Francisco da Costa, 82, é frequentador assíduo da área desde a época que era um “campo de terra”, ele disse que o local ficou mais povoado após a requalificação. “Deu muito mais visão para a área, principalmente à noite, quando usam também para caminhada, para os jogos”, afirmou. Apesar de nunca ter presenciado crimes no espaço, ele reclama da falta de agentes da segurança pública.
A Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (Secel) ressaltou que as areninhas são ferramenta de formação humana e inclusão social, além da prática esportiva. Em nota, informou que todos os equipamentos têm conselho gestor comunitário com poder de propor, decidir, consultar e fiscalizar o uso e a conservação do espaço. Sobre a segurança nos locais, a Secel apontou que a responsabilidade é da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Em nota, a SSPDS informou que a Polícia Civil segue investigando os dois homicídios e reforça que há policiamento ostensivo preventivo nesses locais diuturnamente.