“No começo, eu achava que sairia pior da prisão. Era revoltado porque estava pagando por um erro sem um tratamento digno, sem oportunidade de ressocialização”, relembra. O começo da pena foi cumprido na unidade Desembargador Francisco Adalberto Barros de Oliveira Leal, conhecida como Carrapicho. Quando foi à CPPL 2, entrou em contato com aulas e cursos de capacitação. “Fui me motivando e vendo que poderia ser resiliente. Quis ganhar conhecimento e ele despertou o poder da mudança”, comenta.
Antes do trabalho atual como arquivista, Luciano enfrentou muitas recusas de empresas. Mesmo aprovado em seleções e entrevistas de emprego, a análise dos antecedentes criminais era o fim da linha. “Diziam que eu não me encaixava no perfil da empresa. Mas eu pensava que não podia desistir. Justamente para mostrar que não sou o que pensam”.
Giselle Cristina, 28, lembra as dificuldades em conseguir emprego com o estigma de ser ex-presidiária. Principalmente quando tentou vaga no mesmo bairro. Há cerca de um ano, ela teve a “segunda queda”. Voltou ao presídio. E se engajou na fabricação de fardamentos para empresas. “Quando sair daqui, quero colocar meu próprio negócio. Já deu pra ver que não vale a pena o mundo do crime”, destaca.
Para ela, a motivação que recebe nos projetos de inclusão poderia chegar a mais internos. “Mais empresas deveriam olhar para as unidades e para tanta gente que quer mudar”, sugere. São duas as condições para que os internos participem dos projetos: adesão às atividades e bom comportamento.