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Para egressos do sistema penal, preconceito ainda é obstáculo
Cotidiano

Para egressos do sistema penal, preconceito ainda é obstáculo

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O início de fevereiro trouxe os primeiros dias de trabalho com carteira assinada para Luciano Costa, de 29 anos, após deixar o sistema prisional. Há quatro anos em liberdade, ele trabalhou na Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e Egresso (Cispe) levando discussões para as unidades com os projetos Cine Diálogo e Livro Aberto. Enquanto esteve interno, ele participou de atividades diversas após três anos de ociosidade.

 

“No começo, eu achava que sairia pior da prisão. Era revoltado porque estava pagando por um erro sem um tratamento digno, sem oportunidade de ressocialização”, relembra. O começo da pena foi cumprido na unidade Desembargador Francisco Adalberto Barros de Oliveira Leal, conhecida como Carrapicho. Quando foi à CPPL 2, entrou em contato com aulas e cursos de capacitação. “Fui me motivando e vendo que poderia ser resiliente. Quis ganhar conhecimento e ele despertou o poder da mudança”, comenta.


Antes do trabalho atual como arquivista, Luciano enfrentou muitas recusas de empresas. Mesmo aprovado em seleções e entrevistas de emprego, a análise dos antecedentes criminais era o fim da linha. “Diziam que eu não me encaixava no perfil da empresa. Mas eu pensava que não podia desistir. Justamente para mostrar que não sou o que pensam”.


Giselle Cristina, 28, lembra as dificuldades em conseguir emprego com o estigma de ser ex-presidiária. Principalmente quando tentou vaga no mesmo bairro. Há cerca de um ano, ela teve a “segunda queda”. Voltou ao presídio. E se engajou na fabricação de fardamentos para empresas. “Quando sair daqui, quero colocar meu próprio negócio. Já deu pra ver que não vale a pena o mundo do crime”, destaca.


Para ela, a motivação que recebe nos projetos de inclusão poderia chegar a mais internos. “Mais empresas deveriam olhar para as unidades e para tanta gente que quer mudar”, sugere. São duas as condições para que os internos participem dos projetos: adesão às atividades e bom comportamento.

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