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Moradores comemoram sangria do açude Maranguapinho
Cotidiano

Moradores comemoram sangria do açude Maranguapinho

Com 100% da capacidade hídrica, açude Maranguapinho volta a ser ponto de lazer. Reservatórios do Ceará chegam a 7,04% do armazenamento pela primeira vez no ano
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Riquelme Paulo vai em disparada na bicicleta. Ao parar, se assusta com aquele mundaréu de água caindo. Diz estar com medo de se juntar aos outros que ali perto estão no banho do fim de tarde. A sangria do açude Maranguapinho, desde o último sábado, em Maracanaú, era o motivo para o garoto de 11 anos e outras crianças e adultos se reunirem no local.

 

Mas a curiosidade infantil de Riquelme fala mais alto e é maior que o temor.  Ele deixa a bike e o medo no canto e, aos poucos, desce em meio às pedras da barragem até pedir à reportagem do O POVO: “Ei, segura aqui para mim, vai lá”, diz se referindo ao boné, o telefone celular e o fone de ouvido.


Com os pertences resguardados, ele se entrega à alegria. De camisa e tudo, se senta na escada da barragem e recebe feliz nas costas a pancada de água. Uma massagem no corpo e no espírito. Mesmo para quem não está no sertão sofrendo o pior da seca de cinco anos.


O Maranguapinho foi o primeiro açude da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) a operar com a máxima capacidade. Além dele, o Caldeirões (no município de Saboeiro, bacia do Alto Jaguaribe) está com 100% do armazenamento hídrico.


Segundo boletim divulgado ontem pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), o Ceará superou pela primeira vez este ano à barreira dos 7% nos reservatórios, com eles tendo 7,04% do volume de ocupação. O principal motivo do acréscimo foi o bom aporte de chuvas no primeiro mês de quadra invernosa. Em fevereiro, segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o nível de chuvas foi 32,8% acima da média histórica.


Na tarde de ontem, no Maranguapinho, Riquelme não era o único feliz com o maior volume de chuvas. Outros desfrutaram a sangria do açude das mais variadas formas. Uns estavam munidos de redes e baldes para pescar saborosos carás e pitús que caiam do açude transbordante e iam parar na panela das residências.


Os mais apressados preparavam tudo ali mesmo. Morador do mutirão Vila Nova, o comerciante Claudeone Souza, 27, aproveitou o feriado em Maracanaú (Dia da Cidade) para reunir família e amigos. Acendeu uns gravetos entre as pedras, assou os pitús como tira-gosto de (algumas) garrafas de cachaça.


Antes de cair a noite, Riquelme recolhe o boné e o celular. Quando se preparava para acabar a brincadeira, se despede: “Fui porque vocês me deram coragem de tomar banho”.

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