O contingente atual está distribuído pela Capital, Região Metropolitana e outros 13 municípios. De acordo com informações da Associação dos Profissionais de Segurança (APS), pelos menos 30% do efetivo deverá seguir para reserva (profissionais que não estão mais em atividade). As consequência desse déficit já são constatadas nas ações da corporação, conforme o presidente da APS, Reginauro Sousa. “A equipe de combate à incêndio, que era composta por dez homens, hoje tem apenas quatro. Se você tiver uma ocorrência em Fortaleza, hoje, todo o efetivo da Região Metropolitana é enviado, deixando outros municípios descobertos”, detalhou.
O Corpo de Bombeiros também sofre com a falta de equipamentos, conforme Reginauro. A plataforma móvel de combate a incêndio e para salvamento não possui o cesto de segurança aos bombeiros. As viaturas que circulam pelo interior do Estado estão em situação precária e muitas delas não possuem o desencarcerador veicular, equipamento necessário para cortar ferragens no resgate de vítimas de colisões. “(Faltam) até Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como roupas próprias para mergulho em águas contaminadas ou utensílios básicos, como luva, capacete e capas”, complementa o presidente da APS.
Ainda conforme Reginauro, a associação já acionou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) diversas vezes sobre as deficiências no quadro de funcionários e de equipamentos. “A taxa de arrecadação contra incêndio somou R$ 9 milhões em 2016 e, para 2017, a previsão é de R$ 17 milhões. Mas o retorno é mínimo para a instituição. A demanda não é atendida a contento, não há fiscalização, os bombeiros só conseguem cumprir demandas”, afirmou.
Distribuição do efetivo
“São questões pontuais. O Corpo de Bombeiros trabalha baseado na demanda, a depender do evento. É algo normal. Nesse aspecto, a gente está atendendo as ocorrências que são passadas”, responde a capitã Juliany Freire, relações públicas da instituição, à pergunta sobre a necessidade de envio de todo o efetivo em uma só ocorrência. Conforme ela, não é possível dizer se essa é a situação ideal ou não. “Se tiver mais pessoas, é claro que é melhor, mas até então temos respondido bem”, frisou.
A capitã reconheceu que o veículo de plataforma não possui o cesto de segurança, que está em reforma. Ela justificou ainda que a manutenção desses equipamentos é complicada, porque existem poucos veículos e algumas peças precisam ser importadas. “No momento estamos com uma escada mecânica, que funciona para auxiliar o serviço”, destacou. Sobre o desencarcerador, a oficial afirmou que não há uma “quantidade x” e que, quando novos equipamentos são adquiridos, há uma redistribuição dos velhos. “Não é que só os equipamentos velhos vão para o Interior”, frisou.
Saiba mais
Conforme a Lei de Promoção dos Militares do Ceará, de 2015, a quantificação do quadro do Corpo de Bombeiro Militar é: 309 oficiais, 39 oficiais complementares, 203 oficiais da administração e 3.269 praças. A soma está detalhada na lei nº 15.797, de 25 de maior de 2015.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 33 oficiais do Corpo de Bombeiros foram nomeados em junho de 2016 e 251 soldados foram nomeados em junho de 2015. Eram 270 vagas para soldados, mas o restante não completou o curso de formação.
Há 85 candidatos aptos para o cargo de oficial e 814 para o cargo de soldado.
Questionada sobre o chamamento desses candidatos, a SSPDS informou que as nomeações e convocações “estão sendo analisadas pelo Governo do Estado do Ceará”.