Entre moradores do distrito de Retiro, o sentimento é de tristeza e revolta. Não apenas pelo que aconteceu a Maria Lúcia, mas ao irmão que está preso, o Joãozinho, e pela pressa dos outros em julgar a situação. Segundo os conhecidos da família, o irmão também aparenta ter transtorno mental. “Ele achava que estava fazendo a coisa certa. Precisava de ajuda psicológica, não ser preso”, comenta Pedro Júnior Souza, 36, que estudou com Lúcia na adolescência.
O motorista Renê Souza, 33, ressalta que Joãozinho era quem cuidava e fazia a comida dos pais idosos. “A situação deles agora é preocupante. A gente costuma ir lá também para tentar ajudar em alguma coisa”, conta. A comunidade, que não é vizinha direta do sítio, sabia que Maria Lúcia não saía por decisão da família. Sabia também dos problemas mentais e do receio familiar de uma nova gravidez.
Segundo Teresa Maria, 42, não se sabia o quão grave era a situação. A vítima convivia com odores de urina e fezes e ficava nua a maior parte do tempo. “A agente do posto de saúde apareceu lá uma vez para fazer o cartão dela do SUS. Ele só abriu depois de um pedaço, viu que eu estava na porta também”, relembra.
Os cadeados que protegiam o sítio não causam estranhamento entre os moradores.
“Eles já haviam sido roubados duas vezes”, conta Renê. (Thaís Brito)