Em capacitação de médicos das redes pública e privada para o enfrentamento a arboviroses, na manhã de ontem, na Unichristus, o professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rivaldo Venâncio, disse que, das três patologias de destaque, chikungunya tende a ser aquela com febre e dores mais intensas, além de ter duração maior (às vezes, mais de ano) e potencial elevado para se tornar crônica.
“Chikungunya a gente sabe muito menos, só tem três anos que ela chegou ao Brasil”, continuou o epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona.
De acordo com Luciano, a medicina já compreendeu, contudo, que há mais risco de a chikungunya se tornar crônica em pacientes acima de 40 anos. Mesmo assim, segundo ele, ainda não está claro “o porquê de algumas pessoas terem mais cronificação do que outras”. O médico citou o próprio caso: “estou com chikungunya há 11 meses. Estou de tênis não porque gosto, mas porque meu pé não aguenta”, compartilhou.
O boletim epidemiológico do último dia 10 não indicou óbitos por dengue ou chikungunya no Ceará. Também não há confirmação de gestante infectada por zika. O maior número de registros de chikungunya no Estado foi em Fortaleza, com 125 confirmações.
Diagnóstico
Rivaldo afirmou que a medicina hoje tem mais expertise para diagnosticar. “Houve melhora sobretudo na compreensão da magnitude da zika e da chikungunya, já que a dengue já é uma ‘amiga’ de três décadas”, considerou o pesquisador. “A gente aprendeu a identificar alguns macetes”, garantiu, exemplificando: “a febre, na zika, costuma ser muito baixa e por vezes ausente. Já em dengue e chikungunya, normalmente, é muito elevada. As dores nas articulações, que a zika também tem, na chikungunya são mais intensas”.
Já Luciano argumentou que ainda é muito difícil para o médico diagnosticar as doenças só considerando seus quadros iniciais. “Ajuda muito o quadro epidemiológico. Saber, por exemplo, que está circulando mais chikungunya do que dengue, vai fazer com que o médico olhe para o paciente com sintomas semelhantes aos dois e diagnostique como chikungunya. Mas é fundamental monitorar”, recomendou.
A capacitação feita para os médicos foi promovida pela Sesa e pelo Ministério da Saúde. Para participar do ciclo de palestras, inscreveram-se 300 profissionais.
Saiba mais
Arboviroses são consideradas as doenças transmitidas por insetos e aracnídeos como mosquitos, carrapatos e aranhas. No Brasil, além de dengue, zika, chikungunya e febre amarela, os arbovírus transmitem patologias como malária, Doença de Chagas, febre do Mayaro e leishmaniose.
O Governo realiza, neste semestre, mapeamento de trabalhados realizados pelos municípios para diminuir a incidência de Aedes aegypti.