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Angélica Feitosa
angelica@opovo.com.br
Uma reunião, ainda sem data definida, deve ser marcada com o governador Camilo Santana (PT), o titular da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH) Francisco Teixeira e representantes do movimento Marcha Pela Água para discutir as prioridades do abastecimento no Estado.
O encontro foi decidido no fim da manhã de ontem, após passeata organizada pelo movimento, que saiu da Praça Luíza Távora, na Aldeota, até o Palácio da Abolição, no Meireles. O ato reuniu cerca de 350 pessoas, segundo a Polícia Militar. Os manifestantes informaram haver entre 400 e 500 pessoas.
No quinto ano consecutivo de seca, com baixo aporte nos reservatórios do Estado, a prioridade no abastecimento tem sido dada, segundo os manifestantes, à Termelétrica e à Siderúrgica, ambas no Pecém.
Alexandre Costa, professor do curso de Física da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e especialista em Mudanças Climáticas, esteve na passeata. Ele defende que a causa maior da falta d’água no Ceará não está ligada somente à ausência de chuvas.
“É uma seca recorde, provavelmente associada às mudanças climáticas. Mas a causa principal foi a política equivocada de distribuição dos recurso hídricos”, analisa.
O coletivo Ceará no Clima pede ao governo estadual que a preferência no fornecimento de água seja para o consumo humano, com base na Lei Federal 9.433, de 1997.
Dezesseis entidades participaram do ato. Índios Anacés e Pitaguari, Cáritas, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento de Juventude, agricultores do sertão de Crateús e de cidades da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) seguiram em caminhada, gritando palavras de ordem.
Na avenida Barão de Studart, em frente ao Palácio do Governo, o grupo fez uma ciranda. Após organizarem uma comissão, foram recebidos pelo chefe de gabinete de Camilo, Élcio Batista, que prometeu uma reunião com o governador e o titular da SRH, mas não apresentou uma data.
Manifestações
A manhã de ontem foi marcada por manifestações em vários pontos do Estado. Na região da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte - onde, em 2010, o ativista e ambientalista Zé Maria foi assassinado com mais de 20 tiros na comunidade de Tomé -, manifestantes protestaram contra a falta de abastecimento do distrito de Poranga, distante 11 quilômetros do Canal da Irrigação.