Logo O POVO+
Ex-prefeito de Quixadá teria desviado dinheiro para grupo criminoso
Cotidiano

Ex-prefeito de Quixadá teria desviado dinheiro para grupo criminoso

Durante investigação da morte de três policiais militares a Polícia Civil descobriu o envolvimento do ex-gestor com os criminosos
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
NULL (Foto: )
Foto: NULL
[FOTO1]

Jéssika Sisnando

jessikasisnando@opovo.com.br

O ex-prefeito de Quixadá, João Hudson Rodrigues Bezerra (PRB), conhecido como João da Sapataria, foi afastado das funções durante quatro meses, em setembro do ano passado, após a Polícia Civil encontrar documentos que comprovariam desvio de dinheiro público para uma quadrilha de empresários que foi indiciada pela morte de três PMs, em Quixadá. As informações são da titular da delegacia de Quixadá, delegada Ana Cláudia Nery, responsável pelo inquérito, que foi concluído e remetido à Justiça na sexta-feira, 20.

[SAIBAMAIS]

Ana Cláudia explica que a investigação começou após a morte dos policiais militares Francisco Guanabara Filho, Antônio Joel De Oliveira Pinto e Antônio Lopes Miranda Filho durante troca de tiros no dia 30 de junho do ano passado. Durante os trabalhos, foi descoberta uma organização criminosa que atuava na Cidade composta por pessoas “acima de qualquer suspeita”, ela diz.


O grupo seria formado por proprietários de postos de combustíveis, madeireiras, carros-pipa e fazendeiros da Região do Sertão Central. Conforme a delegada, durante as investigações, a Polícia descobriu que a esposa de Edneudo Pipoca, Francisca Suely Pontes Queiroz, 38, teria escondido três malas na casa de um senhor, no sertão. “Vimos que tinha uma série de documentos que comprovam crimes de administração pública. O prefeito foi afastado na época”, aponta Ana Cláudia.


O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público, requisitou essas malas e pediu o afastamento do prefeito por desvio de verbas. “Os fornecedores do prefeito eram ligados à quadrilha dos Pipocas e Veridianos, porque eles financiaram a campanha do prefeito”, revela.


O inquérito tem 368 páginas e indicia 12 pessoas. Seis por triplo homicídio dos policiais, tentativa de homicídio, dois sequestros, roubo e associação criminosa e as outras seis por associação criminosa. Segundo a delegada, testemunhas chegaram a reconhecer envolvidos nas mortes dos policiais. Uma delas está no serviço de proteção à testemunha.


A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informa que, dos 12 indiciados, foram presos Fábio Oliveira Rabelo, 31, Jandson Gomes de Souza, 35, David William Lázaro, 31, e Francisca Suely Pontes Queiroz, presa temporariamente por tentar obstruir provas sobre Edneudo Pipoca, que também integra a organização criminosa. Segundo a delegada, estão foragidos José Massiano Ribeiro, Veridiano Rabelo Cabral Junior e José Nobre do Nascimento Filho, todos com mandado em aberto.


O POVO tentou contato com o ex-prefeito de Quixadá, João da Sapataria, mas as ligações não foram atendidas ontem. Nesta terça-feira, 24, ele enviou nota negando o envolvimento criminoso.

Leia o posicionamento dele, na íntegra:

''Amigos quixadaenses,

Fui surpreendido nesta terça-feira, 24, com a matéria publicada pelo Jornal O Povo, em que a Delegada Regional de Polícia Civil, sra. Ana Claudia Nery, faz uma série de graves e levianas acusações contra minha pessoa. Esclareço os seguintes fatos:

- O Prefeito não tem a prerrogativa de impedir a participação de empresas em certames licitatórios.
- Diferentemente da afirmação da Delegada, o meu afastamento se deu por suposto descumprimento de ordem judicial, fato ainda sob análise do Poder Judiciário.
- É risível a afirmação de que tive minha campanha para Prefeito ainda no ano de 2012, teria sido financiada por pessoas envolvidas com a criminalidade.
- Reafirmo que não tenho qualquer tipo de amizade pessoal com transgressores da lei.

Lamentavelmente a nobre delegada, certamente por não conseguir prender os assassinos dos policiais militares e por ainda não desvendar uma série de crimes ocorridos em nossa região, antes e depois do fatídico episódio de Juatama, busca criar factóides, e por sua infeliz atitude responderá civil e criminalmente.

Esclareço que, se tivesse a nobre delegada o cuidado de investigar com isenção verificaria até com certa facilidade quais os políticos de Quixadá que, de fato, tem envolvimento com o crime organizado.

Confio em Deus, e tenho a plena convicção que a justiça será feita".

 

O que você achou desse conteúdo?