PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Na vizinhança de Eunício

2017-03-22 01:30:00
NULL
NULL

De todos os alvos da ação de ontem da operação Lava Jato, Eunício Oliveira (PMDB) é hoje o mais importante. A investida da Polícia Federal mirava principalmente o político cearense mais poderoso da atualidade.


Eunício tem algumas menções na operação. É apontado como alvo do pedido de abertura de inquérito pela Procuradoria Geral da República, conforme informação que vazou na semana passada.


Cada vez mais, as investigações em seu entorno apertam.

 

SENADO NA MIRA

O Senado é o grande alvo dessa ação policial. Além de Eunício, outro alvo é o último presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dirigentes do Congresso Nacional de quatro anos atrás até hoje têm pessoas próximas sob investigação. Isso tem enorme poder desestabilizador sobre a base de Michel Temer (PMDB). Os reflexos já aparecem. Renan tem dito que a reforma da Previdência morreu. Ataca assim a prioridade máxima do presidente. Eunício, por sua vez, tem nas mãos essa agenda de reformas. Pode dificultar as coisas caso se sinta ameaçado.
[FOTO1]

A vantagem para Temer é que Eunício não tem o estilo de Renan, conhecido por retaliar na mesma proporção em que concede favores. E tem mais a perder.


De toda maneira, não custa lembrar que o impeachment de Dilma Rousseff (PT) só ocorreu porque Eduardo Cunha (PMDB-RJ) achou que estava sendo perseguido pelo governo. O ex-presidente da Câmara teve mandato cassado 12 dias depois de a ex-presidente sofrer impeachment.


CARNE VETADA NO EXTERIOR E LIBERADA NO BRASIL

O Ministério da Agricultura suspendeu a licença de exportação de 21 frigoríficos investigados na operação Carne Fraca, mas manteve licença para o mercado nacional. Não é uma beleza?

O ministro Blairo Maggi justificou que há mais controle sobre o mercado interno. Nota-se.


E são curiosas as reações. Tem gente mais preocupada com o impacto para as grandes empresas do que com o prejuízo para a saúde que os consumidores podem ter sofrido.


PARABÉNS AOS ENVOLVIDOS

Custou R$ 13.844,29 ao contribuinte brasileiro o jantar oferecido pelo presidente Michel Temer (PMDB) para promover a carne brasileira, como forma de “tirar a suja”, como se dizia no Jardim América, depois do escândalo constatado.

A churrascaria só vende carne importada.


FILA LONGA

O juiz Sergio Moro determinou uma das mais incompreensíveis decisões da Lava Jato. Mandou conduzir coercitivamente o blogueiro Eduardo Guimarães, porque vazou informações sobre a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Se todo mundo que vazou informação for levado para depor, a Justiça brasileira não vai fazer outra coisa.


Resta saber se há procedimentos para investigar outros vazamentos. Moro fez distinção entre o blogueiro e os jornalistas formados. Apenas esses últimos teriam a garantia de sigilo da fonte. Porém, ainda que os jornalistas nos demais casos não sejam investigados, pode-se fazer apuração interna.


O ministro Gilmar Mendes também criticou que vazamentos tenham se tornado regra. Fiz a mesma crítica na última sexta-feira. Ocorre que a Lava Jato completou três anos e houve vazamento em quase toda semana na qual ocorreram desdobramentos. Demorou, mas que bom que o Judiciário começou a se incomodar com isso.


As operações têm cometido muitos abusos. A Carne Fraca está longe, muito longe de ser a mais problemática. Isso não elimina a importância delas e a gravidade do que apontam. Mas, tampouco a relevância justifica os equívocos.

Érico Firmo

TAGS