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Padilha sai. Padilha volta?

2017-02-25 01:30:00
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Eliseu Padilha (PMDB) está de licença médica da Casa Civil para cirurgia de próstata no momento em que estoura aquele que tem potencial para se tornar a mais grave implicação do governo Michel Temer (PMDB) na Lava Jato.


Amigo íntimo do presidente, o empresário José Yunes lançou ingredientes explosivos sobre pagamentos da Odebrecht feitos a pedido de Temer, de quem foi assessor especial. Ex-executivo da empreiteira, Claudio Melo Filho informou que fez pagamentos em dinheiro a Yunes.


Segundo relato de Melo Filho, o hoje presidente pediu à Odebrecht doação para a campanha eleitoral de 2014, na qual Temer era vice de Dilma Rousseff (PT). Um dos pagamentos, segundo informou, foi feito no escritório de Yunes.


Na semana passada, o empresário foi espontaneamente à Procuradoria Geral da República. Queria apresentar sua versão. Ele informou que recebeu telefonema de Padilha, que lhe pediu um favor. Queria que recebesse “documentos” em seu escritório. Depois algum emissário iria buscar. Quem chegou com o pacote com os tais documentos foi Lucio Funaro, considerado operador do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-SP). Yunes disse que nunca soube o que tinha dentro.

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Ele deixou a assessoria da Presidência após a revelação do episódio, em dezembro passado. Disse que quer defender sua inocência. O episódio já havia sido mencionado por Cunha, em pergunta feita a Temer, elencado como sua testemunha de defesa na Lava Jato.


Ontem, Temer confirmou que pediu doação à Odebrecht, mas não autorizou que nada fosse feito fora da lei.


O Carnaval chega em ótima hora para o presidente e seu grupo. Um amigo íntimo relatou o que seria um pagamento em dinheiro vivo feito por empreiteira, a pedido de Temer. E tendo como intermediário o atual chefe da Casa Civil, que está hoje de licença médica. Para completar, ainda tem no meio um operador de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, cassado e preso.


São muitos elementos obscuros para um pagamento, segundo o Planalto, feito absolutamente dentro da lei. Padilha tirou licença e há gente com dúvidas de que volte. Álibi e motivos para deixá-lo fora não faltam.


SAÚDES ABALADAS

Anda solta a bruxa na Esplanada dos Ministérios. Depois de problema de coluna tirar José Serra (PSDB) do governo, Padilha tirou licença para cirurgia. Ainda na base aliada, Eunício Oliveira (PMDB) está internado e se submeteu a cirurgia para retirada da vesícula.

Serra saiu em definitivo e a volta de Padilha é duvidosa.


O CONTROLE ESTATAL DA EMPRESA PRIVADA

Tal qual os anteriores, o governo Michel Temer (PMDB) é permanentemente envolvido em brigas por cargos. Uma disputa em curso tem relação com a pressão dos peemedebistas mineiros pelo controle da Vale, a mineradora que antigamente era chamada de Vale do Rio Doce. Ontem foi oficializado que o atual diretor-presidente da empresa, Murilo Ferreira, não renovará o contrato. Daí começa a pressão peemedebista.

 

O que me chama atenção na história é a investida sobre o governo para indicar o comando de uma empresa privada. A Vale do Rio Doce era empresa estatal, criada em 1942, no governo Getúlio Vargas. Era parte do acordo com Estados Unidos e Reino Unido. Há 20 anos, foi privatizada em processo bastante polêmico., cercado de denúncias relacionadas ao valor estimado da companhia. Mesmo assim, ainda é o governo quem controla a empresa, por meio do BNDES e de fundos estatais, como Previ - este o maior acionista da Vale.


Vejam que bagunça: o governo vende a estatal, mas mantém a maior parte das ações estatizadas. Em tese é uma empresa privada, mas os gestores acabam sendo escolhidos pelo governo. E as bancadas parlamentares pressionam pela cadeira.

Érico Firmo

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