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O buraco é mais embaixo onde jogar?

2017-06-01 01:30:00

Natural que os jogadores prefiram o Castelão. Essa conversa que torcida pressiona é faca de dois gumes. No tempo em que eu jogava já era assim. O elenco se reunia e solicitava à diretoria que o jogo fosse lá. As dimensões do campo sempre foram semelhantes, mas o gramado do Castelão faz a diferença.
 

O que o leitor ainda não deve ter reparado é que Fortaleza é a única cidade do País que tem dois estádios públicos. O Castelão é administrado por uma Parceria Público-Privada pela Luarenas e pela Secretaria Estadual do Esporte; e o Presidente Vargas sob a gestão da Secretaria Municipal do Esporte e Lazer.
 

Não é por acaso que os dois estádios levam o nome de governantes. O PV, como é carinhosamente chamado, foi inaugurado em 1941, em plena vigência do Estado Novo; o Castelão — Plácido Aderaldo Castelo —, em 1973, durante a ditadura militar.
 

Comum aos dois governos a utilização do futebol como fator de integração entre os brasileiros e um instrumento para mexer com o orgulho do cidadão. O presidente Getúlio Vargas foi ainda mais longe ao criar também em 1941 o Conselho Nacional do Esporte.
 

É inegável que a centralização do futebol no poder público levou os dirigentes de Ceará, Fortaleza e Ferroviário a se sentirem desestimulados a desenvolver o associativismo e a democracia nos seus clubes. Não temos clubes e sim times de futebol.
 

Inconcebível que Ceará e Fortaleza — clubes de grandes torcidas — não tenham seu próprio estádio de futebol. Nada gigantesco, mas um estádio com capacidade para 20 mil pessoas, onde possam explorar comercialmente e não pagar nenhum tostão de aluguel.
 

No próprio estádio, atrações para seus torcedores: sala de cinema com vídeos da história do clube, salas de troféus, restaurantes, bares temáticos, lojas de souvenirs, enfim, um local onde o cidadão possa passar um dia e ainda ver o jogo com a sua família.
 

Como se lê, o buraco é mais embaixo. Todo ano é a mesma conversa. PV ou Castelão? Geralmente quem decide são os jogadores. Essa escolha inócua que representa pouco do ponto de vista financeiro esconde uma incompetência administrativa que se arrasta durante anos.

 

É inegável que a centralização do futebol no poder público levou os dirigentes de Ceará, Fortaleza e Ferroviário a se sentirem desestimulados a desenvolver o associativismo e a democracia nos seus clubes. Não temos clubes e sim times de futebol 

Sérgio Redes

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