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VERSÃO IMPRESSA

Olê,olê,olê,olá! Neymar! Neymar!

2017-03-30 01:30:00
SOB MARCAÇÃO IMPLACÁVEL

 

Anos atrás a revista Placar trouxe na capa um Neymar seminu e crucificado, à imagem e semelhança de Jesus Cristo. No conteúdo da matéria uma crítica dizendo que o jogador era o bode expiatório em um esporte onde se joga sujo dentro e fora do campo.


Fora de campo as tramoias nos surpreendem diariamente. Dentro do campo, é difícil de esconder porque é publico e existe um árbitro. Só que as intervenções da arbitragem não são suficientes para inibir o desespero que toma conta dos marcadores de Neymar. E tome pancada! Contando com a complacência de muitos árbitros que têm como praxe dar cartão amarelo de advertência só no segundo tempo, seus adversários se revezavam num rodízio de faltas irritando o jogador e levando-o a estar sempre pronto para um bate-boca.


Num avesso da vida, o que deveria ser um instante mágico do futebol passou a ser visto como uma inconsequência. “É um moleque!”, dizia um. “Não respeita os companheiros de profissão!”, dizia outro. ”Inconsequente!”, bradava um terceiro. “Não joga para o time!”, acusou um técnico.


Tentei explicar, através desta coluna, que ao cair, ele, miúdo, franzino e mirrado, deixava o corpo relaxado evitando um choque direto contra seus adversários que eram mais fortes. Disseram que eu era um poeta. Na ida para o futebol europeu levou o apelido.


Cai-cai! E nos primeiros jogos as torcidas adversárias reclamavam de suas simulações de faltas sofridas. A hipocrisia brasileira também chiava como se atitudes desse tipo representassem novidade num país em que a malandragem é cantada em prosa e poesia.


Só que em Barcelona ele não era mais o único responsável pela boa ou má atuação na equipe. Tinha outros astros mais votados e no início ele passou a ser um coadjuvante. O tempo se encarregou do resto. Amadureceu e seu talento é tanto que torna o futebol encantador.


Suas últimas atuações pelo Barcelona e pela seleção brasileira foram geniais, porém continua sendo caçado dentro de campo. Torço muito para o jogador que num certo momento foi assemelhado a Jesus Cristo escape da sanha cruel de seus marcadores.

Adriano Nogueira

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