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A lista de Fachin e os números
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A lista de Fachin e os números

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Na terça-feira passada (11/4), uma ‘bomba’ caiu nas redações de jornais de todo o Brasil. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, havia determinado a abertura de inquérito contra quase uma centena de políticos citados nas delações premiadas feitas pelos executivos da Odebrecht no âmbito da Lava Jato. Em dias assim, as redações das empresas de comunicação entram em ebulição. As informações precisam ser colocadas o mais rapidamente possível no online, além da necessidade de preparar material mais completo possível para a edição impressa do dia seguinte. Só para se ter uma ideia: o assunto foi manchete dos principais jornais do País no dia seguinte. Com um conteúdo tão desconcertante, é quase impossível não ser assim.

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No O POVO, o tema também foi parar na manchete do jornal dividindo o espaço com o aniversário de Fortaleza, que, no dia seguinte, completaria 291 anos (ver fac-símile). A Redação, em dias como esse, geralmente forma uma equipe reunindo repórteres de várias editorias para trabalhar o tema. Foi o que ocorreu naquele dia, conforme informou o editor executivo do Núcleo Cotidiano, Érico Firmo, na reunião de Conselho de Leitores na noite do dia 11. Na quarta-feira, a cobertura no impresso foi musculosa. O assunto se estendeu por quatro páginas sem anúncios, ganhou desenho diferenciado, ponto de vistas dos especialistas da casa, foco nos dois cearenses citados (senador Eunício Oliveira, do PMDB, e deputado federal Paulo Henrique Lustosa, do PP) e ainda conseguiu apresentar a defesa de alguns parlamentares. Foi um trabalho quase exemplar.

A cobertura, porém, escorregou nos números apresentados nas páginas. Foi um verdadeiro festival de desencontro. Um leitor apontou pelo menos três contradições entre números. Por exemplo: a chamada de capa informava que 39 deputados estavam na lista; a matéria editada na página 13 dizia que eram 40 os deputados investigados. No conteúdo da página 15, indicavam-se 42 parlamentares. O conteúdo da página 13 dava conta que 74 inquéritos teriam sido abertos; por sua vez, a coluna Política cravava 83. O infográfico, na página 14, destacava que eram oito ministros alvo de inquérito; o texto da página seguinte apresentava o número de nove ministros. Ficava difícil para o leitor entender números tão confusos.

Após envio de comentário interno para a Redação, o editor-executivo do Núcleo de Conjuntura, Guálter George, respondeu explicando que houve uma tentativa de consertar alguns equívocos durante o processo de edição, enquanto as informações eram atualizadas a cada momento. “Vimos, com a edição nas ruas, que escaparam várias situações equivocadas, compreensíveis apenas, e talvez, para quem pôde acompanhar a loucura que foi o fechamento das páginas relacionadas ao caso na noite de ontem”.

Imagino que não deve ter sido fácil ter de apurar, escrever e editar num curto espaço de tempo com informações ainda incipientes e mudando a toda hora. Isso é jornalismo. Faz parte do nosso fazer. São coisas deste tipo que movem a alma de nossa profissão. Uma edição perfeita em condições tão imperfeitas é uma meta quase inalcançável. Mas o leitor tem todo o direito de ficar incomodado com dados desencontrados. Ele quer ler matérias com anotações corretas. A cobertura feita pelo O POVO foi acertada, mas os escorregões nos números foram tão visíveis que quase colocavam tudo a perder. A revisão, que geralmente é feita pelos editores, não foi capaz de evitar o choque de informação. Na edição de quinta-feira (13/4), a Editoria de Política tomou a iniciativa de apresentar os números novamente. Faltou somente providenciar o Erramos para que o Banco de Dados do O POVO possa sinalizar, no exemplar arquivado digitalmente, que naquele conteúdo aparece dado inadequado. E isto é essencial para pesquisas futuras.
 

“SERÁ DIVULGADO ONTEM”?
Dois leitores entraram em contato com a ouvidoria na terça-feira passada por estranhar um trecho da matéria “MPF ajuíza ação contra Bolsonaro por ofensas a negros e quilombolas”, publicada na editoria Política. O primeiro enviou uma imagem da matéria em que marcava o verbo no futuro (‘será’) e o advérbio (‘ontem’). O segundo leitor perguntou: “Será divulgado ontem? Eu volto para ontem para assistir?” Eles se referiam ao seguinte trecho do conteúdo: “Em um vídeo que será divulgado ontem, nas redes sociais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso critica o antagonismo de “nós contra eles” na política”.

De fato. Ficou uma frase esquisita e capaz de causar chacota. A matéria citada veio da Agência Estado, conforme está sinalizado no fim do texto. Em casos assim, o conteúdo precisa ser revisado. É de praxe o editor trocar, em todas as matérias, o ‘hoje’ pelo ‘ontem’. Como foi feito. Mas sobrou o verbo no futuro. Pelo visto, ninguém da Redação se importou muito com o inusitado. Até a quinta-feira passada, a matéria permanecia no Portal O POVO com a mesma frase esquisita. Ficará assim para sempre?
 

WHATSAPP
Os leitores das diversas plataformas do O POVO têm mais um canal para entrar em contato com a ombudsman. A ouvidoria pode ser acionada para reclamação, elogios, observação e críticas agora também pelo WhatsApp. Para entrar em contato por este canal, basta acionar (85) 988 93 98 07. Os outros mecanismos para se comunicar com a ouvidoria são: email (ombudsman@opovo.com.br) e telefone fixo (3255 6181). O leitor pode ainda visitar a ombudsman pessoalmente se necessário. Basta agendar, ligando antecipadamente.

 

Por Tânia Alves

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