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Restaurantes não devem favores a seus clientes
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Gastronomia vida & arte

Restaurantes não devem favores a seus clientes

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Restaurantes são como postos de gasolina. Podemos trocar de posto, mas não podemos ficar sem combustível. Em 2016, senti como restaurantes são fundamentais à comunidade. Com a falta de correção da tabela de tributação, vi o crescente faturamento de um dos nossos restaurantes nos levar, naquele empreendimento, para alíquotas e regimes de tributação que são incompatíveis com o setor. Ou abríamos outra empresa, incorrendo em mais despesas como contabilidade e aluguel imobilizado, ou fechávamos no período do almoço para que o faturamento caísse, mas o lucro aumentasse.


Optamos pela segunda, aquela que vai ao encontro dos interesses de qualquer empreendedor. Já se passam mais de seis meses e ainda recebemos demandas para voltar a fornecer o serviço. Observa-se nesse caso que, quando o interesse do empreendedor prevalece frente ao mercado (clientes e concorrentes), há um desequilíbrio. “Falta combustível” e para “comprar gasolina” o consumidor terá sua comodidade abalada e custo aumentado.


Mas a relação comercial entre clientes e restaurantes não parece clara ao consumidor e estes observam uma balança descompensada, hostil e vingativa com momentos de ameaça, mesmo antes de virar consumidor. Isso ocorre já desde um primeiro contato telefônico, quando tenta impor sua vontade de levar comida ao restaurante, de não pagar estacionamento ou obter benefícios incomuns. Quando não têm seus interesses individuais atendidos se instrumentalizam de redes sociais.


A vida real virando um figurativo Master Chef que oprime candidatos a Arquestrato. Há alguns domingos, resolvi conhecer a Culinária da Van. Consultei uma rede social para achar o endereço e me deparei com algumas avaliações negativas, quase todas sobre o tempo de espera e preço. Já tendo lido tais observações, fui preparado para esperar. Lá estando, não achei o restaurante caro e não achei demorado. Recebi, em função de incompreensíveis algoritmos, um alerta de nova avaliação na rede. Alguém reclamava que esperava há 40 min a vinda de uma garçonete à sua mesa “e que era um absurdo”. Detalhe: o cliente estava lá, não bastando reclamar com o próprio restaurante, que relativamente vazio permitiu a garçonete passar uma dezena de vezes à mesa, ele bradou sua difamação pública.


O mau uso das qualificações tem levado esse ícone ao descrédito. Mais um local que não se propõe a ser um Fast Food, que cobra um preço justo pela comida, mas por estar numa praça onde a oferta de alimentos está noutro patamar de preços tem sua comida desqualificada não pelo sabor, mas pela percepção errônea de tempo e de formação de preços. As avaliações irresponsáveis pipocam nos perfis de restaurantes e, se a Van resolver migrar para o Meireles, as pessoas que gostam do Benfica vão ter que ir abastecer em outro “posto de gasolina”, posto que talvez lá não exista.


De uma próxima vez que resolver fazer uma avaliação errônea de um restaurante, pense em duas possibilidades: um funcionário pode perder o emprego por uma provável queda no fluxo ou você pode ter que ir abastecer distante. E, antes que nos esqueçamos, restaurantes não lhes devem favores porque você os frequenta e nem compensações desproporcionais em esporádicos ruídos na relação comercial. Relações comerciais só se devem à cordialidade mútua. Por fim, A Culinária da Van é massa e Arquestrato era um poeta candidato a cozinheiro. 

Serviço


Culinária da Van
Onde: Rua Waldery Uchôa, 230 – Benfica Info: 989355735 

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