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Uma canção para a infância
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Flávio Paiva é jornalista e escritor, autor de livros nas áreas de cultura, cidadania, mobilização social, memória a infância. Escreveu os livros

Uma canção para a infância


A primeira infância é o momento em que a criança desenvolve as habilidades básicas de compreensão do mundo. Esta condição faz com que a primeira escola dos nossos filhos tenha uma importância fundamental para eles, em todo o processo educativo e na experiência do viver. É difícil retribuir o carinho e a dedicação das educadoras infantis que, com sensibilidade e atenção especial, fazem a troca de cuidados com a família nessa fase de iniciação de movimentos próprios e de abertura para as relações sociais.


Tive a oportunidade de concretizar a expressão do meu agradecimento à Casa de Criança, onde os meus filhos Lucas e Artur, que já são adolescentes, começaram pequenininhos a aventura da escolaridade. Compus, como presente pela passagem dos 25 anos dessa escola, comemorados amanhã (2/2), uma canção para a infância, inspirada nas tantas lembranças boas que dali trouxemos para as nossas vidas.


Com o propósito de homenagear a educação fortalecedora de vínculos, procurei fazer uma melodia cheia de ternura, com andamento propício ao cantar, ao balançar de corpos e ao bater de palmas com suavidade e firmeza. Fui motivado pelo desafio de compor algo cativante, no qual as conexões das palavras e dos sons pudessem ir ao encontro do modo como meninas e meninos ordenam o próprio mundo.


O pensamento da criança é concreto, no sentido de que ela expressa o que vê, e abstrato, quando ela pensa por analogia. Em ambos tende a ser afetivo, o que me instigou a optar por imagens do cotidiano escolar, como forma de despertar o interesse delas por um lugar e por alguém. “O sol nasce/ E com ele nasço/ Todo dia/ Brinco com você/ E dou abraços de/ Bom dia”. No fluxo do tempo (todo dia vem de antes e segue depois), o sol, como fonte de renovação diária do mundo, chega para a criança por meio do brincar e da brincadeira.


O respeito ao potencial de inteligência da criança para a criação de metáforas – capacidade tão importante para o desenvolvimento da linguagem – me levou a estruturar um refrão voltado à exploração e construção de imagens a partir de palavras: “Invento o mundo/ Nas páginas do meu caderno/ Onde as palavras cantam/ Casa de Criança”. A movimentação dos fonemas, o animismo das letras e o mistério dos códigos que se mexem têm um quê do diálogo entre o que é familiar e o que é captado do exterior na atividade escolar, ao sabor da sua imaginação.


Utilizei o recurso do conceito binário (eu e você) para facilitar a fabulação a respeito da ação educativa com base em conceitos afetivos: “Tudo vive mais/ Quando você sorri/ E me escuta/ Tudo brilha mais/ Quando você olha/ E me clareia”. A luz do sol e a luz do olhar se projetam nessa estrofe como elementos que a criança já conhece para que se reconheça e possa deixar que seus pensamentos se exponham com naturalidade.


A fim de contribuir para a ampliação do senso estético da meninada, o ciclo desse andante ensolarado se completa com o desenho imaginário de um abraço dos ambientes natural (sol) e social (escola): “Fim de tarde/ A luz do sol muda/ De cor/ Pinto a alegria/ Na magia do/ Amor”. Interpretada com leveza e ludicidade pela cantora Bárbara Sena e um coro infantil, esta canção foi toda feita com cenas de uma memória feliz.


Foto do Flávio Paiva

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