PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Vícios sem virtudes

2017-07-27 01:30:00

O portal do O POVO apresentou ontem a a matéria “A Operação Catilinárias”. Trata-se de desdobramento da Lava Jato que atingiu em cheio as principais lideranças nacionais do PMDB, em dezembro de 2015, apreendeu com o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (RJ), “documentos referentes ao loteamento de cargos” na Petrobras, em favor do partido durante os governos Lula e Dilma.


As informações foram compartilhadas pelo Supremo Tribunal Federal com o Ministério Público Federal, no Paraná, e anexadas a um processo da Lava Jato.

[QUOTE1]

“Um dos documentos traz informações acerca de cargos no ‘Gov Lula’ e ‘Gov Dilma’, em alusão aos governos dos ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, sendo que na coluna ‘Gov Lula’ consta ‘Dir Int Petrobras’ e ‘1/2 Dir Abast Petrobras’, o que faz alusão à diretoria Internacional da Petrobras e à diretoria de Abastecimento da Petrobras”, diz o documento da Procuradoria da República.


Seguidas vezes, levantei a seguinte questão aqui nesse espaço: como um deputado que em 2007 não estava nem sequer entre os líderes mais importantes do Congresso conseguia ter ingerência sobre negócios internacionais da Petrobras sem que houvesse aval superior para tal? Pois é. Cunha, se criminoso é, conseguiu ser pela concessão de poder oriunda dos chefes da República.


Há alguma grande novidade no fato? Nenhuma a não ser o fato de o PT ter elevado uma velha cultura política e administrativa do Brasil a um grau bastante superior. Foi o pragmático exercício de um método para manter o poder que tinha como âncora os negócios públicos. E de quebra, enriquecer uns e outros. Simples assim.


Antes de tudo, há algo de muito corriqueiro nessa história. No caso, o fatiamento da administração pública com os partidos. Inclua-se no rol as estatais, como a Petrobras, empresas estratégicas que estão nas bolsas de valores mundiais. Absurdo. Está aí um dos piores vícios de nosso sistema.

[QUOTE2]

Ou seja, a administração pública é o sustentáculo da política e dos partidos. No Brasil, no Ceará e nos municípios é assim que acontece. E algo mudou com a Lava Jato Brasil afora? Nada. Tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. O modelo permanece solenemente intacto. Empresas estatais nas diversas esferas da administração pública também continuam entrando nesse negócio.


É a lógica que precisa ser mudada e que não depende de reforma política. Não é plausível, não é razoável que um partido que apoia politicamente um governante se torne o “dono” de nacos da administração. Deu no que deu. Continuará dando em coisa ruim.


ANUÁRIO: O FUTURO É HOJE

Hoje, mais uma versão do Anuário do Ceará chega ao distinto público. Lá se vão 16 anos desde que nosso inesquecível Demócrito Dummar me concedeu a missão de tocar o projeto. Logo em seguida, agregou-se ao time o colega e amigo Jocélio Leal. Daí nasceu uma significativa mudança tanto estética quanto de conteúdo no velho Anuário que tem origem ainda no século 19.

De 2002 para cá, o mundo mudou por demais. As novas tecnologias na área de informática, com a imensa velocidade do fluxo de informações, com o acesso muito mais rápido ao noticiário e com suas “redes sociais” fez com que o Anuário buscasse também se adaptar aos novos tempos.


E assim continuará. Sempre se reinventando. Certamente, vigorosas mudanças virão nas próximas edições. Até lá.

 

Adriano Nogueira

TAGS