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Ensinamentos do tempo

2017-05-04 01:30:00

Raramente faço projeções públicas acerca de resultados eleitorais. Aprendi cedo a ser cuidadoso com o tema e a sempre considerar que avaliações prematuras são quase sempre atropeladas pelas variáveis políticas que se dão durante o processo eleitoral e que mudam drasticamente os óbvios cenários imaginados.

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Aprendi também que pesquisa eleitoral é apenas um dos instrumentos para a análise política e para ajudar os candidatos em seus posicionamentos. No Brasil, elas são vistas como oráculos. Apenas pelos tolos, é claro. Os profissionais sabem muito bem ler e lidar com suas entrelinhas.


Uma sugestão: nesse momento do País, esqueçam as pesquisas eleitorais que versam acerca das eleições de 2018. Elas medem apenas o quanto um candidato é pouco ou muito conhecido. A essa altura, é aconselhável fixar-se mais na rejeição do que na intenção de voto de um ou outro possível concorrente.


Nas circunstâncias do Brasil de hoje, tudo ficou menos evidente. As variáveis se multiplicaram e entrou no jogo a novidade que jamais se fez valer: uma investigação gigante que varreu para a lata do lixo a credibilidade de quase todos os políticos importantes do País.


Portanto, cabe outra sugestão: apostem nas novidades. O quadro está montado para o surgimento de um nome novo. Por nome novo não se entenda nome de qualidade. O novo pode ser muito ruim. Pode ser muito bom. Pode ser apenas o melhor entre os piores. Ou o inverso.

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Como diria o bardo sobralense, “o novo sempre vem”. Mas, o que é o “novo”? Afinal, quem nos deu a ideia de uma nova consciência e juventude está em casa (ou na penitenciária), guardado por Deus (e por uma tornozeleira eletrônica), contando o seus metais (se é que conseguiu esconder algum).


Há outras variáveis. Do jeito que a coisa segue, Michel Temer vai conseguir entregar o País com uma economia muito melhor e menos desorganizada do que recebeu. Atentem: a produção industrial brasileira voltou a registrar alta em 2017. Há tempos que não ocorria.


Além disso, há boas chances de entregar um País com as reformas que nenhum presidente conseguiu fazer. No caso da previdenciária, somem-se FHC/FHC com Lula/Lula e mais Dilma/Dilma. Todos pereceram diante das pressões e a coisa não seguiu. Temer não tem o que perder e vai seguir. A trabalhista parece se consumar.


Tudo isso para afirmar o seguinte: quem assumir o Brasil em 1º de janeiro de 2019 terá tarefas bem menos inglórias que todos os seus antecessores.


ENFIM, FEZ-SE A INJUSTIÇA

Leio no O POVO Online: “O advogado Wladimir Lopes Magalhães, 47, condenado pelo assassinato da bailarina Renata Maria Braga de Carvalho, em 1993, teve a pena extinta pelo TJ do Ceará. A desembargadora Maria Edna Martins, relatora do processo, concedeu habeas corpus atendendo a um pedido da defesa e extinguiu a pena. O processo foi votado em Câmara e aceito foi por unanimidade”.

Para determinar a extinção da pena, a desembargadora ressaltou que o espaço de tempo de 18 anos ultrapassou o prazo de prescrição, que é de 16 anos.


Não pretendo entrar no mérito da decisão. O fato é o seguinte: mais de 23 anos após um balaço no olho de Renata o emaranhado jurídico permite a prescrição do caso. O assassino passou alguns meses na cadeia. E só. Nesses 23 anos, passou seus dias em Brasília. Reconstituiu sua vida. Formou família.


Renata, aos vinte e poucos anos, se foi. Ficou a intensa dor da família e dos amigos. Que amargor.

 

Enfim, fez-se a injustiça.

 

Adriano Nogueira

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