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Entre a realidade e a enganação

2017-04-08 17:00:00

Resolver o problema da Praia do Futuro é bem mais fácil que chegar a uma solução para o Parque do Cocó. As duas questões misturam diversas instâncias públicas e se relacionam fortemente com direitos privados. As áreas são municipais. Estão encravadas em vastos territórios de Fortaleza. Na Praia do Futuro, a Prefeitura exerce mais influência, enquanto no Parque do Cocó a responsabilidade foi assumida pelo Estado.


Não há saída razoável para a cidade sem um acordo público-privado. Na Praia do Futuro, o papel do município é preponderante. O caminho é o reordenamento definindo uma forma de ocupação civilizada. O tema está exposto com detalhes no Fortaleza 2040. No entanto, o caso está na Justiça Federal, mas a Prefeitura não se tornou parte da querela.


A solução para o Parque do Cocó se arrasta há mais de duas décadas. O Governo do Estado promete há anos resolver, mas se recusa a encarar a realidade. No caso, os direitos privados em boa parte da área dentro do que se considera de proteção ambiental. Sem um acordo com os foreiros, não haverá solução. Somente enganação.


Como em todo acordo, as partes interessadas ganham e perdem. Geralmente, se vão os anéis para que os dedos permaneçam.


PONTOS EM COMUM

Em uma semana, dois impactantes confrontos entre policiais e assaltantes de bancos. Um no Ceará, outro no Paraná (sexta-feira). Há pontos similares entre os casos. Primeiro: as forças policiais sabiam da ação planejada. Segundo: a Polícia Federal exerceu papel determinante nas investigações. Terceiro: as quadrilhas envolvidas foram as grandes derrotadas.


Em Jaguaruana, Ceará, uma gangue especializada em explodir agências, cofres e caixas eletrônicos foi abordada por uma união de forças entre a Polícia Federal, a Polícia Civil e a Militar. A quadrilha, com forte armamento, teve sete membros mortos em um sangrento confronto. Outros quatro bandidos foram presos.


No município Alvorada do Sul, no Paraná, uma quadrilha tentava chegar ao Paraguai após explodir duas agências bancárias, em Cruzália (SP). O grupo foi confrontado com homens da Polícia Federal. O grupo estava sendo monitorado por um serviço integrado de inteligência formado pela Polícia Federal (PF) e o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná. Sete assaltantes acabaram mortos.


Nos dois confrontos, nenhum policial saiu ferido. Os desdobramentos são frutos do trabalho de inteligência, com todo o aparato tecnológico necessário. Pelo visto, a PF entrou de vez no combate a esse tipo de crime. Uma aposta: vai começar a cair o índice de assaltos a banco da mesma maneira que praticamente acabou o crime de sequestro no Brasil.


O FUTURO À ESPREITA


Que governante gosta de apresentar medidas antipáticas e antipopulares? É claro que nenhum. Todos gostariam de apresentar pacotes de bondades e distribuir benesses a rodo para ricos, pobres e remediados. No fim das contas, sair nos braços do povo à custa da bancarrota nacional. É o mais fuleiro dos populismos, mas não falta protagonista para esses enredos e nem plateia para aplaudir de pé.


Bom, alguém precisa fazer o necessário, não é? Mas, o Brasil é o Brasil. Por cá, critica-se até teto de gastos públicos. Do jeito que a coisa vai, a reforma da Previdência vai ser feita somente quando chegarmos à quebradeira geral. Será no pós dia que os jornais estamparem fotos de aposentados desesperados na boca do caixa vazio. Basta dar uma olhadinha na Grécia.

 

 

Fábio Campos

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