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A Fortaleza que goza

17:00 | 11/02/2017
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A cada fevereiro ou março me admiro mais do Pré-Carnaval e do Carnaval em Fortaleza. Nos últimos vinte anos, a Cidade inventa a história que quer ser e como vai sair pelas ruas.

E não adianta querer apenas escrevê-la num edital ou achar que depois de cada janeiro será parecido com o que foi brincado. Não vai.

Parece, retomamos a reinação de rua que vi quando fui menino da orelha grande e seco, no calção, pelas meninas do bairro que não me olhavam.

E não dá tempo nem chorar o fim do Sanatório Geral. E, na boa, a vocação pela troça continuará.

Quando fica impraticável, inseguro porque o Poder Público não entra
na folia para valer, uma história vira memória e outra vem.

O pessoal Sanatório, ano retrasado, ensaiou comer uma Cabeça de Porco no Buraco da Lúcia, no Benfica, e brincar o Carnaval com menos aperreio deles.

Isso não é destruir o Pré-Carnaval nem deixar órfãos os carnavalescos que seguiam a Lagarta de Fogo. É brincá-lo da forma que cada um vai urdindo e até onde se é feliz.

Um magote de amigos se junta, inventa um nome (fuleragem ou nada a ver) de um arremedo de bloco e sai (ou fica) frescando em alguma esquina ou bar de Fortaleza. É assim.

Quando o gaiatice é boa, um amigo chama o outro que convida outra e o bicho cresce, se mistura, enche
e corre pelas ruas.

Antes teve a Bandalheira , o Quem é de Benfica... A Merda foi maior, mas ainda desce e se junta com o Cheiro na esquina da Dom Joaquim.

Pode ser que não haja vocação para ter o Galo da Madrugada. Nem por isso, a zombaria daqui é peba. É nada. E não precisa da dor de cotovelo de querer ser Olinda. Se é Fortaleza do jeito que ela quer ser.

Tomara que das muitas conversas sem propósitos sigam fazendo nascer o Sai na Marra, Os Belchior, As Trepadeiras, As Travestidas, o Luxo da Aldeia, o É só isso mesmo, o Hospício Cultural, o Concentra, mas não sai e a coragem de só querer dançar É o Than na Praça do Ferreira...

E se acabarem, que venha a diversidade chocante e despudorada do povo que agarra no Glítter e beija a língua dos outros. Sem frescuras no asfalto da Monsenhor Tabosa ou no Mercado dos Pinhões.

Eu, que não sou grande brincante feito Ronaldo Salgado, Teresa Monteiro, Felipe Araújo, Ivonilo Praciano, Pedrina de Deus, Luís Henrique Campos, Raquel Chaves, Émerson Maranhão... Vou dizendo que vou e não apareço com Fátima. Talvez o nome de um bloco...

Mas gosto da insistência dos tambores do Pingo, na meia noite de alguns dias,
ou quando Calé Alencar grita na Domingos Olímpio: “Alô, Nação Fortaleza!!!” E a “negada” atua no asfalto.

É a cidade que para um pouco para frescar muito e fazer festa do jeito que ela quer gozar.


DEMITRI TÚLIO é repórter especial e cronista do O POVO demitri@opovo.com.br

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