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Preto no branco

2017-07-04 01:30:00
 

O QUE SERIA DO AMARELO se todos gostassem do vermelho?


No Brasil, depois de anos da ditadura do PP (preto e prata), o mercado decidiu variar e adotar o branco que assumiu, no ano passado, 37% dos nossos automóveis, empurrando o prata da liderança para o segundo lugar com 29% e o preto para o terceiro com 12%.


Dizem os especialistas da PPG (maior fabricante mundial de tintas automotivas) que a preferência por uma nova cor tem início nos carros de luxo, os que ousam inovar, ao contrário dos mais simples, que mantêm cores mais tradicionais. Quem lançou a moda do branco no nosso mercado foi a BMW, há alguns anos. Mas um carro premium não se contentaria com um branco qualquer: o alemão introduziu o branco, mas perolizado...


Como cor é relevante no valor de revenda, quem compra um modelo popular está mais preocupado com sua cotação no mercado de usados e por isso prefere não sair muito dos cinquenta tons de cinza...


AS FÁBRICAS DE TINTA SE PREOCUPAM também com as tendências do mercado: qual será a cor preferida do consumidor dentro de dois a três anos? As pesquisas indicam que o vermelho (atualmente restrito a 8% das preferências) vai assumir a liderança tonal.


Tipo de automóvel influi também na decisão da cor: a extravagância do amarelo, por exemplo, cai como uma luva num esportivo de raça como a Ferrari.


CORES AINDA MAIS EXÓTICAS como o verde “hippie”, azul anil ou laranja são as preferidas dos “marketólogos” das fábricas ao lançar novos modelos: se a ideia é chamar a atenção para a novidade...


MAS MODA VAI E VOLTA. E estão voltando os carros com a pintura do tipo “saia e blusa”: carroceria de uma cor, teto de outra. No passado, vários modelos brasileiros eram assim: na década de 1960, a linha DKW-Vemag, por exemplo, oferecia o teto branco como opcional.


Hoje, bom exemplo é o utilitário esportivo Nissan Kicks que adotou esta opção. E outros estão a caminho.


VALE A PENA CHAMAR atenção para uma fundamental diferença entre o carro de cor escura ou clara. Dois veículos idênticos estacionados sob o sol durante algumas horas terão sua temperatura elevada no interior. Entretanto, se um deles for preto e outro branco, haverá uma significativa diferença entre ambos: o branco poderá estar com quase 10º C menos que o preto em seu interior.


POR QUE A DIFERENÇA? Quanto mais escura, mais a cor absorve os raios solares. Quanto mais clara, mais ela os reflete. Então, o carro preto terá sua pintura muito mais aquecida que o branco e este calor é irradiado para a cabine. Com a volta da pintura “saia e blusa”, a dica é optar pelo teto pintado de branco ou da cor mais clara, para reduzir a temperatura do habitáculo.


OUTRA DICA VALIOSA: se a pintura não é “sólida”, mas metálica ou perolizada, melhor a primeira, que reflete os raios solares. A perolizada, ao contrário, os absorve e contribui para torrar os miolos dos passageiros.


OUTRA CONSEQUÊNCIA óbvia é a influência da cor no consumo de combustível. Se a escura absorve mais o calor, então o carro pintado nesta cor vai exigir mais do equipamento de ar condicionado. Então, a rigor, o consumo do carro preto será maior que o branco, principalmente num país de clima tropical como o nosso, de sol abundante quase o ano inteiro. Aliás, não é a toa que se recomenda o uso de roupas claras aos turistas que vão passear no deserto....

Adriano Nogueira

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