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VERSÃO IMPRESSA

¿Hay avanzo? Soy contra...

2017-06-06 01:30:00

QUANTAS VIDAS - foram salvas pelo cinto de segurança? Entretanto, ao ser tornado obrigatório no Brasil, houve uma violenta reação ao equipamento, até da própria imprensa.


O principal argumento: “Absurdo! Se o carro cai no rio ou pega fogo, eu morro afogado ou queimado pois o cinto vai impedir de me safar”. Inútil tentar explicar que era exatamente o cinto que protegeria os ocupantes, mantendo-os conscientes e aptos a se safar.


Reagir contra avanços é inerente ao homem. São muitos os motoristas que se aborrecem quando se anuncia um novo dispositivo eletrônico de segurança: “ E como fica o prazer de dirigir se o carro é todo controlado pela informática?”


Se reagem contra a parafernália eletrônica que “pasteuriza” o comportamento do automóvel, imaginem quando chegar o carro autônomo de fato, que nem volante terá...”


Os argumentos são os mais curiosos: “Dirijo há mais de trinta anos, meus primeiros carros não vinham com nenhum equipamento de segurança e continuo vivo”. E se esquecem de que, por sorte, sobreviveram para contar história. Mas milhares de azarados não estão vivos para contra-argumentar...


A reação contrária pode ser motivada por interesse pessoal. Se ainda não existem no Brasil postos de serviço com bomba automática (do tipo self-service, como no Primeiro Mundo), não é, com certeza, por falta de tecnologia para debitar o valor no cartão de crédito ou ser pago no caixa do posto. O que atrasa o país e encarece o preço do combustível é a inexplicável força do sindicato dos frentistas...mais forte que o dos acendedores de lampião a gás nas ruas, no início do século 20. Eles reagiram contra o avanço mas acabaram derrotados pela iluminação elétrica. Aliás, voltando ao Primeiro Mundo, alguém já viu por lá algum trocador em ônibus?


Midia: nos mais de cinquenta anos como jornalista, fui testemunha dos inúmeros avanços tecnológicos que evoluiram a cobertura de eventos, as redações e parques gráficos de jornais e revistas. E não adianta reagir: difícil imaginar que a mídia impressa iria levar golpe tão rápido e certeiro da digital. Jornais e revistas vão encontrar seus nichos, mas, por enquanto, ganham assinantes eletrônicos e perdem na edição impressa. Títulos poderosos como “The Washington Post” ou “The New York Times” continuam valendo centenas de milhões de dólares porque avalizam a edição digital com sua credibilidade.


A diferença entre blog que dá palpite sem fundamento ou divulga notícia sem confirmá-la e jornalismo sério na web é a confiabilidade da informação assinada pelos verdadeiros profissionais da área.


Há quem diga que a tecnologia avança hoje dez vezes mais rapidamente que no século passado. O automóvel está aí para confirmar a tese e continuar provocando reações contrárias. Fonte alternativa de energia: todas as sinalizações do setor apontam para a elétrica como substituta dos atuais combustíveis. Eu me confesso um apaixonado pelo automóvel que ronca grosso e desprezava os elétricos até dirigir um deles, de 750 cv e que faz de zero a 100 por hora em três segundos...


O principal argumento de quem é contra o carro elétrico? “O problema é a bateria!” e faz de conta ignorar (ou não sabe mesmo...) que já existe no mercado o veículo que gera sua própria energia elétrica e dispensa a bateria. Como? Seu tanque é abastecido com hidrogênio que produz eletricidade numa célula a combustível (fuel cell). “Mas o hidrogênio é caro de se obter e difícil de se armazenar!” alegam os que reagem a mais este avanço.


E provavelmente continuarão reagindo mesmo ao saber que o tanque pode ser abastecido com álcool, exatamente o mesmo que existe em nossos postos: dele se obtem (com um equipamento chamado “reformador”) o hidrogênio para alimentar a “fuel cell”. Solução de mobilidade que, para a matriz energética brasileira, seria sopa no mel!


Adriano Nogueira

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