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Elétrico a etanol?

2017-05-02 01:30:00

O FUTURO DO AUTOMÓVEL é um tabuleiro de xadrez com dezenas de alternativas entre as diversas possibilidades de fontes energéticas, legislações que mudam em cada país e múltiplas tendências de motorização. Fato inegável é que o motor a combustão tem seus dias contados e será substituído pelo elétrico. Uma solução transitória entre ambos é o automóvel híbrido. Mas, apesar de já ter vendido cerca de dez milhões de unidades, tem custo elevado (pois tem dois motores) e só se viabiliza com subsídios do governo.


Já não se discute que o automóvel com motorização elétrica é caminho sem volta por três motivos:


1 – A ineficiência do motor a combustão interna;


2 – O combustível fóssil não dura eternamente;


3 – As exigências da redução de emissões.


Por outro lado, por mais que as baterias estejam sendo aperfeiçoadas, continuam sendo um entrave à produção em massa do carro elétrico, também por três motivos:


1 - Autonomia limitada;


2 - Tempo de recarga longo;


3 - Elevado custo de substituição.


Além disso, se por um lado o motor elétrico não polui, as fontes de produção da energia para recarregar suas baterias nem sempre são “limpas” e muitas vezes geradas por fontes fósseis.


MAS, CARRO ELÉTRICO

não tem necessariamente que ser movido por baterias e há quem aposte numa outra solução para movimentar seus motores: a geração de energia elétrica no próprio automóvel, através da célula (ou pilha) a combustível, a “Fuel Cell”. Seu tanque é abastecido com hidrogênio e este levado à célula onde, num processo eletroquímico, produz energia elétrica que traciona o carro. O resíduo da reação, que sai pela descarga, é água pura, potável.


NÃO SE TRATA DE imaginação ou sonho de cientista maluco: este carro já existe e é oferecido em alguns mercados por três marcas asiáticas: Toyota (Mirai), Honda (Clarity) e Hyundai (New Tucson). Seu uso é limitado pela escassez de postos com bombas de hidrogênio, mas estes vem crescendo rapidamente em vários países europeus, asiáticos e nos EUA. O Japão é o país onde mais se incentiva esta tecnologia e – só em 2016 – implantou bombas de hidrogênio em mais 100 postos. Esta crescente capilaridade estimula outras fábricas a produzir em série seus automóveis com esta tecnologia.


BOA NOTÍCIA vem de outra japonesa: a Nissan foi além e desenvolveu um carro com célula a combustível que não se abastece com hidrogênio (de produção e armazenamento complexos), mas com etanol.


ESTE CARRO da Nissan ainda é um conceito e esteve no Brasil, para demonstração, no ano passado. Uma reação química (num dispositivo chamado “reformador”) extrai então o hidrogênio do etanol, para alimentar a célula de combustível.


CLARO QUE ESTA operação tem custo ainda mais elevado que o carro abastecido com o hidrogênio, pois exige mais um equipamento, o reformador. Mas é uma solução viável, economicamente. Este carro da Nissan é o melhor dos mundos para o Brasil, pois está atrelado ao futuro por ser elétrico, de elevada eficiência e “limpo”. Sem as desvantagens do elétrico movido por baterias nem a complexidade logística para se implantar uma rede de distribuição de hidrogênio. Além disso, o quilômetro rodado custaria menos que a metade de um veículo dotado de um moderno motor a gasolina.


NÃO SE TRATA de uma solução imediata, pois há várias barreiras a serem vencidas pelo carro do tipo “fuel cell” e outras tantas para abastecê-lo com álcool. Mas, vencidos estes obstáculos, o Brasil seria um dos únicos países do mundo pronto para adotá-lo, pois já conta com uma eficiente rede de postos com bombas de etanol.


Adriano Nogueira

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