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Derrapagens do Inmetro

2017-05-16 01:30:00

DÁ PARA confiar num produto com adesivo de qualidade emitido pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC)?Nem sempre. Principalmente quando se trata de pneus remoldados, aqueles fabricados a partir da carcaça de um usado.


O INMETRO derrapou feio no passado, ao emitir a “nota técnica” de número 83, sobre a reforma de pneus. O documento classificava o remoldado como “novo” e foi tão escandalosamente favorável às empresas de remoldagem que o próprio órgão reconheceu mais tarde o absurdo cometido e desmentiu oficialmente a nota.


OUTRO DESLIZE DO ÓRGÃO: ao estabelecer requisitos e parâmetros para a remoldagem de pneus, o órgão determinou, tim-tim por tim-tim, como deve ser fabricado. Mas cedeu novamente aos fabricantes ao se “esquecer” de exigir – como na Europa - que as características originais da carcaça continuassem estampadas na banda lateral doremoldado.


OU SEJA, preocupadas com a segurança, as normas européias para a remoldagem estabelecem que os índices de carga, velocidade e peso do pneu original permaneçam depois do reaproveitamento da carcaça.


NO BRASIL, por omitir esta informação, o motorista corre o risco de adquirir um par de pneus remoldados externamente idênticos. Mas as carcaças podem ter sido projetadas para automóveis de comportamento distinto. Uma para equipar um Porsche. A outra, para uma picapinha chinesa de cachorro quente. Imaginem a diferença de comportamento de ambos numa curva ou numa freiada brusca...


OUTRO ABSURDO foi autorizar os remoldados em motos, apesar de proibidos (qualquer pneu reformado) no primeiro mundo.


AGORA, O INMETRO derrapa novamente, ao criar a etiqueta dos pneus. Ela já está dependurada em alguns delese será obrigatória a partir de abril de 2018. Traz três informações importantes:


1 - ADERÊNCIA NO PISO MOLHADO –indicaseu comportamento quando se aplicam os freios no asfalto molhado.


2 - RESISTÊNCIA À ROLAGEM – O composto de borracha pode facilitar ou dificultar a rolagem do pneu. Quanto mais difícil, maior potência será exigida do motor para movimentar o carro, o que resulta em maior consumo de combustível.

 

3 - NÍVEL DE RUÍDO – Medido em decibéis, diz respeito ao conforto dos passageiros.


A ETIQUETA do pneu segue a mesma classificação estabelecida pelo Inmetro para o consumo de combustível dos automóveis: letra “A” para os melhores e “E” para os piores em cada item avaliado.


ENTRETANTO, ninguém duvida de que o maior interesse de um motorista, ao adquirir pneus de reposição, é sua durabilidade. E o Inmetro derrapou mais uma vez ao se “esquecer” de exigir esta informação.


SE DOIS PNEUS custam o mesmo, mas um deles roda 50% mais, ele será preferido pela maioria dos consumidores. Ainda que tenha uma classificação pior de ruído, por exemplo.


OBRIGATÓRIO nos EUA há quase 40 anos, a durabilidade do pneu é indicada por um índice, o “treadwearnumber”. Não se trata de um valor absoluto, mas referencial. A indústria determinou o número 100 como valor padrão. E opneu é classificado de acordo com sua durabilidade acima ou abaixo deste índice. Se ele roda apenas 70% do padrão, terá registrado em sua banda lateral o número “70”. Se roda três vezes mais que o padrão, seu índice será 300.


ESTE VALOR não corresponde à quilometragem que vai rodar,que depende do automóvel e do motorista:peso, tipo de asfalto, velocidade média, etc.


O ÍNDICE foi estabelecido pelo NHTSA, órgão governamental de segurança rodoviária nos EUA. Quem testa o pneu e atribui o TreadWearNumber é seu fabricante, mas o NHTSA pode desferir umas “incertas” para aferir a veracidade do número estampado em sua banda lateral.


Adriano Nogueira

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