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Criação de jogos e inclusão
Ciência e Saúde

Criação de jogos e inclusão

O interesse pela programação também se manifesta entre as meninas. Crianças na periferia também experimentam a criação de games em equipamentos públicos. Mas ainda é preciso avançar na inclusão social e de gênero
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Se alguém ainda acha que não, um aviso: vai ter mina na programação e na robótica, sim. E no que depender da Letícia Ribeiro, 10, e de um monte de outras garotas que mostram as habilidades na criação de jogos, caminhamos para que esse universo seja cada vez mais inclusivo e democrático. “Sempre curti games, quadrinhos. Acho que o mundo tem que ter diferenças. Eu vou ser diferente, eu quero ser quem eu sou, eu vou quebrar todos os estereótipos”, conta a menina.


Num mundo corporativo que ainda resguarda uma série de preconceitos contra mulheres nas áreas tecnológicas e de exatas, essas meninas atravessam um longo caminho da faculdade até o mercado. De acordo com Silvia Amélia Bim, secretária-adjunta da Sociedade Brasileira de Computação do Paraná e professora doutora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, são diversos os motivos que afastam as meninas das áreas de tecnologias e de exatas.


“Os motivos foram se articulando de tal forma, que a sociedade atualmente classifica a atuação na área de tecnologia e computação como algo masculino. E, em geral, as mulheres não são incentivadas a escolher estas áreas como profissão. Começa com os tipos de brinquedos que damos para meninos e meninas”, explica Silvia.

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Para ela, esse comportamento reforça uma visão distorcida nas garotas de que matemática e outras disciplinas de exatas não são interessantes. No entanto, ela destaca que há muitas mulheres atuantes na área, “com carreiras brilhantes e muito satisfeitas com as suas escolhas”. “Precisamos divulgar ainda mais estes exemplos”, estimula.


A profissional explica que, com o crescimento de projetos públicos, o acesso às áreas de conhecimento estão se democratizando. De acordo com Silvia, é necessária a atuação de mais pessoas criativas, honestas, éticas, comprometidas com a qualidade no desenvolvimento de softwares para que haja ainda mais benefícios com a tecnologia. “É esta mensagem que devemos levar para as crianças, jovens, escolas, o corpo docente e para as famílias. Precisamos desmistificar a área. Quebrar os estereótipos, mostrar que a computação tem muitas caras”, conclui.


Inclusão

Foi por meio do jogo Minecraft, que João Pedro Rodrigues, 12, teve a ideia de passar a criar também, em vez de somente jogar, e ser mais uma dessas caras da tecnologia. Ele é aluno da rede pública do Estado e tenta, ao lado de outros colegas, criar uma versão gratuita do jogo eletrônico Watch Dogs. “Comecei a me interessar por games por causa das cores, das formas. Quem me deu essa porta foi o Minecraft, um jogo em que é possível construir qualquer coisa, pode fazer qualquer desenho, ele é um pixel gigante, você é um boneco de pixel”, diz.

 

Ele conta que a mãe, a costureira Íris Rodrigues, 41, negocia o acesso a jogos. “É uma hora de jogo e duas de estudo”, cumpre. Eles moram no Pirambu, um dos polos da cultura tecnológica devido ao projeto Pirambu Digital e, como diz João Pedro, “bairro mais bonito da Cidade”. Ele desenvolve a maioria dos projetos na escola. “Eu jogo no celular e ainda não tenho computador em casa, mas já estou estudando muito para ganhar”, confia.


“Nos últimos anos tem se discutido a questão da tecnologia, mas temos de pensar em quem devemos incluir, quem já está incluído?”, questiona Neto Muniz, administrador da Casa da Cultura Digital. Para ele, é preciso que se tenha um olhar mais social em relação à computação. “Não é só abrir uma sala em uma comunidade, colocar equipamentos, climatização e ir embora, isso não é inclusão digital. Vai muito mais além, você precisa criar uma sustentação para aquela entidade que de fato possa enxergar naquele equipamento uma ferramenta de mudança”, acredita. (Eduarda Talicy)

 

APLICATIVOS GRATUITOS


CODECADEMY

A ferramenta tem o objetivo de ensinar programação de forma simples, principalmente a adolescentes. No website, as pessoas podem aprender linguagens como Python, Ruby, PHP, HTML ou JavaScript.

SCRATCH

De manipulação simples, o website possibilita que crianças criem suas próprias estórias, jogos e animações interativos – e partilhar as suas criações com outros na comunidade em linha.

CODECOMBAT

Trata-se de um jogo que ensina os fundamentos da programação. Disponível em português e também na versão website, o Code Combat ensina os estudantes de maneira intuitiva e didática, uma vez que, para lidar com os personagens dos jogos, é preciso inserir comandos em formato de código.
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