A doença incapacita. Faz inchar, traz dores, interfere em membros essenciais ao cotidiano. A febre chikungunya chegou ao Ceará em 2014 e ainda pouco se sabe sobre ela. Para os milhares de acometidos, as buscas pela melhoria é contínua, mesmo quando o quadro agudo tem fim. São meses, talvez anos, com sintomas que vão e voltam. Uma incógnita para especialistas, um martírio para pacientes.
[SAIBAMAIS]Três fases são consideradas: aguda, com duração média de sete dias; subaguda, com duração entre, aproximadamente, 14 dias e três meses; e crônica, quando os sintomas perduram para além dos 90 dias. Mãos, pés, ombros, dedos, a dor pode chegar a qualquer articulação, mas esses são os membros preferidos. “A maioria dos pacientes tem dor articular, artralgia, e um percentual tem artrite, que é a inflamação. Essa inflamação pode se estender também para os tendões, fazendo as tendinites”, afirma a reumatologista Cláudia Marques, que coordena o Estudo Multicêntrico Coorte ChikBrasil, que obtém dados sobre a doença em quatro cidades nordestinas (Fortaleza, João Pessoa, Recife e Aracaju).
A chikungunya
O vírus que causa a chikungunya tem o que o infectologista Afonso Ivo chama de “alta taxa de ataque”, ou seja, grande parte das pessoas acometidas desenvolvem sintomas, na maioria das vezes de forma dolorosa. “Zika tem uma taxa de 20% de acometimento (de sintomas). Dengue é de 35% a 50%; com chikungunya, tem trabalho mostrando que é até 95%, que o vírus entra na corrente sanguínea e se adoece”, explica o médico.
Fato é: a chikungunya mudou a rotina, os hábitos, as necessidades. São pelo menos 54.096 casos confirmados no Ceará neste ano. Muita gente se pergunta como um mosquito tão pequeno pode causar tanta dor, tanta incapacidade. Neste segundo semestre, com menos chuvas, há também um arrefecimento dos casos da doença. Mas, infelizmente, milhares de pessoas estarão se descobrindo na fase crônica da doença, há mais de 90 dias sentindo dor. O Ciência & Saúde tenta entender porque uma arbovirose recém-chegada tornou-se tão perigosa.
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